A Enxaqueca – uma doença real, invisível e incapacitante
Não, uma enxaqueca não é apenas uma dor de cabeça!
A enxaqueca trata-se de uma doença neurológica extremamente incapacitante, que tem sido desvalorizada por se tratar de uma doença invisível e que poucos compreendem.
Em Portugal, afeta cerca de 1 em cada 7 pessoas. Provoca uma redução na qualidade de vida dos doentes e tem um enorme impacto a nível social, familiar e laboral.
Caracteriza-se por uma dor de cabeça latejante moderada a grave, normalmente apenas de um lado da cabeça. Muitos doentes descrevem esta dor como se o coração estivesse a bater dentro da cabeça. A enxaqueca, para além da dor, faz-se acompanhar de vários outros sintomas, como a sensibilidade à luz, a cheiros intensos, ao som e ao movimento. É também muito comum a existência de náuseas, vómitos e alterações gastrointestinais durante as crises. Tanto as características da dor como os sintomas associados variam de pessoa para pessoa. Existe também um conjunto de sintomas e de fatores que podem anteceder ou suceder uma crise de enxaqueca, sendo possível identificar 4 fases:
A primeira fase designa-se de pródromo (ou fase premonitória) e consiste nos sintomas que antecedem a crise. Trata-se de uma espécie de “aviso”. Depressão, fadiga, alterações de apetite e de humor, rigidez no pescoço ou sonolência são alguns dos sintomas identificados.
A segunda fase trata-se da aura, em que vários sintomas neurológicos, como alterações de visão, dormência ou dificuldade de articular o discurso, são experienciados. No entanto, apenas 15% a 30% dos doentes com enxaqueca têm aura.
A terceira fase diz respeito à dor em si, a cefaleia, que se vai intensificando ao longo do tempo. E, por último, surge a fase posdrómica, desde que termina a dor até o doente se sentir novamente normal. Os sintomas são semelhantes aos da fase premonitória.
Não existe uma causa propriamente dita associada à enxaqueca. A doença poderá estar ligada a uma série de fatores genéticos, que explicam a hereditariedade, e ser desencadeada por vários fatores externos, também conhecidos como gatilhos, que podem ir de um simples alimento a alterações de luz, um odor forte ou situações de stress. Ter uma vida normal e de qualidade torna-se um desafio extremo para os doentes com enxaqueca.
A incompreensão é muito comum no seio familiar, no trabalho e na sociedade em geral. Também a imprevisibilidade e o medo de que surja uma nova crise são uma constante na vida dos doentes, que faltam a eventos importantes, ao seu trabalho e vivem constantemente em part-time.
É importante que o doente recorra ao seu médico e efetue a terapêutica mais adequada para o seu caso. Existe o tratamento agudo, utilizado em situação de crise, e o tratamento preventivo, mais regular e contínuo, com o objetivo de prevenir o aparecimento de crises. Encontrar a terapêutica mais adequada é um desafio, sendo necessária muita persistência e tentativa-erro até se sentirem os resultados esperados. É assim fundamental reconhecer a doença e apoiar os doentes, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida e valorização da sua condição.
Destas necessidades, surgiu a MiGRA Portugal – Associação Portuguesa de Doentes com Enxaqueca e Cefaleias, que presta diariamente apoio aos doentes, através das suas atividades, da sua comunidade e da informação disponibilizada. A educação, capacitação e representação dos doentes são a sua prioridade. Saiba mais em migraportugal.pt.
Bruna Santos, Secretária-Técnica da MiGRA Portugal – Associação Portuguesa de Doentes com Enxaqueca e Cefaleias.