Casamento entre a Funcionalidade e a Estética na Cirurgia Plástica

A Cirurgia Plástica e Reconstrutiva é uma subespecialidade da Medicina e Cirurgia Tradicional. A explicação do seu nome justifica-se pelo facto de que todos os atos “reconstrutivos” procuram recuperar a normalidade com metas funcionais, mas também estéticas e, por outro lado, os atos “estéticos” ou “plásticos” têm como meta recuperar ou restabelecer a normalidade através de uma reconstrução. Por esta razão, não podemos divorciar as duas palavras.

A modo de exemplo, ao fazer uma rinoplastia (cirurgia ao nariz) podemos modificar a estética da forma (reduzir a bossa, afinar a ponta, etc.) e, ao mesmo tempo, corrigir desvios do septo (tabique) e reduzir o tamanho dos cornetos, para respirar melhor. Também podemos fazer uma lipoaspiração tanto para retirar os depósitos de gordura não desejados (por estética) como para eliminar uma zona de gordura que cause assimetria no corpo (por reconstrução).

Como temos uma diversidade enorme de áreas para tratar, costumamos interagir com múltiplas outras especialidades da Medicina. Nos tratamentos da cirurgia craniofacial, trabalhamos em conjunto com ortodoncistas e odontologistas especializados nessa área. Nas Unidades de Queimados, fazemos os cuidados críticos junto com médicos intensivistas, traumatologistas e todas as especialidades que possam estar envolvidas com a atenção da pessoa ferida.

Uma das atividades que mais se caracteriza por essa atenção multidisciplinar é a Oncologia. Além da importância de salvar a vida das pessoas, existe também a necessidade de que elas recuperem a sua normalidade. Nesse sentido, é fácil compreender que o cirurgião oncologista e o cirurgião plástico constituem uma equipa muito coesa. A nossa participação como cirurgiões plásticos começa desde o momento em que a pessoa é tratada pelo oncologista na exérese dos tumores, porque o planeamento da remoção pode preservar elementos anatómicos úteis para a reconstrução.

A microcirurgia é uma ferramenta que evoluiu muito nas últimas décadas. Esta permite-nos movimentar retalhos ou segmentos corporais para zonas defeituosas e unir as artérias, veias e nervos, obtendo de novo a estrutura perdida por cancros, traumas, etc. Isto é especialmente útil nos casos de amputações que podem ser reparadas.

As pessoas procuram procedimentos estéticos para modificar características físicas que as possam incomodar ou para recuperar condições que se foram alterando com o envelhecimento ou eventos normais na vida. Esse é o caso das alterações após a gravidez, das sequelas de obesidade mórbida, etc. A prevenção é uma ação que podemos executar em vários aspetos da vida, mas nem o envelhecimento, nem as sequelas de condições fisiológicas naturais podem ser contidas de forma absoluta.

Existem inúmeras razões para fazer cirurgia plástica. Nos grupos de pessoas mais jovens é mais frequente para tratar deformações congénitas ou para modificar características que lhes causem algum complexo. Os adultos de meia idade têm geralmente interesse em arranjar as sequelas de gravidez ou descuidos no controlo do peso e os adultos de mais idade estão à procura de rejuvenescer, não só por beleza, mas também para oferecer uma imagem de menos cansaço que lhes permita manterem-se ativos no trabalho. Qualquer que seja a motivação, a Cirurgia Plástica e Reconstrutiva favorece um estado físico e emocional equilibrado e a integração das pessoas na sociedade.

 

Dr. Luís da Cruz,

Cirurgião Plástico