Cuidados Nutricionais em crianças e adolescentes vegetarianos
A infância e a adolescência são períodos de rápido desenvolvimento físico e cognitivo e, durante os quais é fundamental uma ingestão alimentar apropriada. Como tal, caso a criança ou adolescente realize uma alimentação vegetariana, é importante que tenha o máximo de informação possível, mas também é essencial que os seus familiares/encarregados de educação estejam envolvidos e informados sobre as vantagens e potenciais riscos deste tipo de alimentação.
Antes de mais, é pertinente explicar em que consiste uma dieta vegetariana. Dieta vegetariana é um padrão de consumo alimentar que utiliza predominantemente os produtos de origem vegetal, excluindo sempre a carne e o pescado mas podendo incluir ovos e/ou lacticínios. A alimentação vegetariana pode classificar-se como: ovolactovegetariana (inclui ovos e lacticínios), lactovegetariana (inclui lacticínios), ovovegetariana (inclui ovos) ou vegetariana estrita/vegana (exclui todos os alimentos de origem animal).
De acordo com várias sociedades científicas, as dietas vegetarianas, incluindo as veganas, quando bem planeadas, permitem um crescimento normal de crianças e adolescentes. Em Portugal, existem opções vegetarianas nas escolas, no entanto, é fundamental que o planeamento dessas ementas seja realizado por um nutricionista para evitar défices nutricionais.
Em qualquer plano alimentar, a variedade deve ser a palavra de ordem e a alimentação vegetariana não é exceção. Quanto maior a variedade de alimentos que compõem a dieta, maior a probabilidade de que esta forneça todos os nutrientes necessários.
Ao planear a alimentação de uma criança ou de um adolescente vegetariano, dever-se-á ter particular atenção a alguns nutrientes.
É importante a monitorização da proteína. A informação atual demonstra que as crianças com uma alimentação ovolactovegetariana ou vegana atingem com facilidade as recomendações proteicas. Saliento ainda que, atualmente, é consensual que não é necessária a combinação de fontes complementares de proteína na mesma refeição para assegurar um aporte adequado.
No que diz respeito ao ferro, existem alguns pontos a ter em consideração. Devido à menor biodisponibilidade de ferro na dieta vegetariana, as necessidades de ingestão, estão aumentadas nesta população. Para maximizar a absorção de ferro, podem ser ingeridos alimentos ricos em vitamina C juntamente com alimentos ricos em ferro (ex: hortícolas de cor verde escura). No caso das leguminosas, devem demolhar-se, aumentando a absorção deste mineral.
Relativamente ao cálcio, alguns estudos apontam que a absorção de cálcio de origem vegetal é bastante interessante. Os alimentos fortificados com cálcio também podem ser uma boa opção para aumentar a ingestão do mesmo (ex: bebidas vegetais fortificadas).
Também a vitamina B12 deve ser analisada, pois a sua ingestão no padrão alimentar vegetariano é habitualmente baixa.
Saliento ainda que os ácidos gordos essenciais, o zinco, o iodo e a vitamina D devem ser monitorizados no caso de crianças ou adolescentes vegetarianos.
No caso de seguir um padrão alimentar vegetariano, as fontes alimentares dos nutrientes mencionados deverão ser privilegiadas, sendo que a ingestão de alimentos fortificados e/ou suplementos alimentares poderá ser necessária. Caso se trate de uma criança ou adolescente, é importante ser acompanhado pelo pediatra e pelo nutricionista, de forma a assegurar que não existem défices nutricionais.
Sandra Rosado (CP: 3098N)
6 de Março de 2020