Enfermagem no Estrangeiro

Licenciei-me na Escola Superior de Saúde de Santarém em 2012, após 4 anos de aulas e estágios em diversas localidades nos distritos de Santarém e Lisboa. Nessa altura, a vaga de emigração de enfermeiros como a conhecemos hoje já se tinha iniciado alguns anos antes. A disponibilidade e qualidade de informação inerente a condições de trabalho, empresas de recrutamento, entrevistas, alojamento e muitos outros temas era já de fácil acesso. Estes importantes fatores, combinados com a minha predisposição para a aventura e desejo de viajar, tornaram decisivo o passo seguinte – emigrar para o Reino Unido.

Começaram as entrevistas e preparação de documentos até surgir uma resposta positiva para trabalhar num lar para idosos no sul de Inglaterra, perto de Brighton. Ironicamente, no dia em que soube que tinha tido sucesso em assegurar um emprego em Inglaterra, senti que o mundo tinha caído a meus pés. Por momentos, a coragem desvaneceu-se e senti um vazio no coração por ter de deixar a minha família e os meus amigos para trás.

No entanto, as preparações para a viagem continuaram e, no dia 15 de janeiro de 2013, lá fui eu para Londres. Recebi acomodação por parte da empresa que me recrutou e comecei a trabalhar no tal lar. Foi um contexto de trabalho apropriado para iniciar a carreira num país diferente. O facto de um lar de idosos ter um caráter familiar e não urgente oferece tempo para a adaptação e para a prática.

Após alguns meses, senti que precisava de seguir em frente e praticar enfermagem em contexto hospitalar. Voltei a candidatar-me por via de uma empresa de recrutamento e fui trabalhar para um hospital do NHS em Dartford, na periferia de Londres, onde continuo a trabalhar até hoje.

No que diz respeito às vantagens de trabalhar no NHS, as oportunidades de aprendizagem são vastas, resultando num desenvolvimento pessoal e profissional que julgo não poder ter experienciado num ambiente semelhante em Portugal. O facto de a educação ser paga em horário laboral suscita a motivação de continuar a aprender e crescer. Acrescentado a isso a existência de progressão na carreira com um caráter meritório.  

Iniciei a carreira em contexto hospitalar como enfermeira de cuidados gerais num serviço de trauma e ortopedia, onde me deparei com as diferenças entre a prática de enfermagem num novo país e aquela para a qual tinha sido formada, o que requereu tempo de adaptação. O tempo passou e tive oportunidade de iniciar a especialização em cuidados ao idoso, evoluindo para uma posição de especialista a nível hospitalar.

Alguns anos depois, surgiu a oportunidade de cobertura de licença de maternidade da enfermeira chefe responsável pela divisão de cuidado ao idoso, o que possibilitou a aprendizagem sobre gestão em enfermagem. Após esta experiência, aprofundei um pouco mais esta área ocupando a posição de enfermeira-chefe de um serviço de cuidados ao idoso durante 1 ano até recentemente quando tive oportunidade de ser chefe de departamento de cuidados ao idoso do hospital.

A progressão na carreira não vem isolada da inevitável imersão na cultura da nação. A riqueza multicultural presente no Reino Unido é fascinante, o que tornou a aventura extremamente interessante. Cada dia de trabalho árduo continua a ser uma descoberta cultural. A relativa proximidade entre os dois países facilita a regularidade de visitas a casa para matar saudades da família, amigos e da maravilhosa gastronomia portuguesa que, onde quer que um português esteja, é inultrapassável.