Importância da Intervenção do Farmacêutico na Área da Oftalmologia

O olho é um órgão tão delicado e sensível quanto complexo, mas fundamental para que possamos ver tudo o que nos rodeia. Podemos, através do mesmo, captar uma imagem e transmitir essa informação por impulsos nervosos até ao cérebro, onde processamos a informação recolhida. Distinguimos, assim, cores e objetos próximos ou distantes de uma forma minuciosa, mesmo quando existe menos luz no meio envolvente. Toda esta riqueza e complexidade do sistema ocular reforçam a importância de uma boa saúde ocular, preservando um bem tão precioso como a visão. O cuidado diário dos olhos é essencial, uma vez que os olhos estão sujeitos a vários tipos de agressões externas, como o uso excessivo de dispositivos como o telemóvel, o computador ou a televisão, a poluição ambiental, ambientes com ar condicionado ou com pouca humidade, o vento, a radiação solar, etc. Qualquer falha na integridade das estruturas anatómicas que compõem o olho pode pôr em causa a sua correta função e, em casos mais graves, provocar lesões que podem ser irreversíveis ou até a perda de visão. Por tudo isto, é muito importante que, na existência de algum transtorno oftalmológico, o utente procure um aconselhamento profissional. A farmácia, pela proximidade e facilidade de acesso que apresenta na comunidade é, muitas vezes, o local dessa procura. 

Para além de um vasto conhecimento sobre os vários fármacos de interesse oftalmológico, o farmacêutico também está capacitado para reconhecer as principais patologias oculares, através dos sinais e sintomas reportados pelo utente, auxiliado pelo exame físico na observação do olho afetado. O farmacêutico pode, por exemplo, distinguir uma conjuntivite bacteriana da vírica ou da alérgica, ou um terçolho de uma blefarite. Assim, o farmacêutico possui um grande valor no aconselhamento específico em vários transtornos oftalmológicos, mas também, não menos importante, no reencaminhamento médico em situações mais graves, em que se verifique a presença de sinais ou sintomas de alarme, como por exemplo a presença de dor ocular, visão turva e/ou secreções anormais. Este reencaminhamento médico também pode ocorrer no caso de existir ineficácia no tratamento já instituído. 

Outro aspeto relevante da intervenção farmacêutica é o aconselhamento de medidas não farmacológicas que, muitas vezes, são suficientes para reduzir ou eliminar a sintomatologia referida pelo utente. Explicar como pode realizar uma correta limpeza dos olhos e das pálpebras, recomendar a utilização de óculos de sol para redução da fotofobia e prevenir o contacto com alguns alergénios, aplicar compressas frias para redução do prurido e da irritação ocular ou até medidas mais simples, como remover as lentes de contacto e/ou maquilhagem, são exemplos de medidas não farmacológicas que podem ajudar o utente de forma imediata. 

Adicionalmente, o farmacêutico pode ainda aconselhar sobre os diferentes suplementos alimentares que promovem uma visão mais saudável, reconhecendo a importância dos seus diferentes constituintes.

Em suma, o papel do farmacêutico é de extrema importância, tanto no diagnóstico e tratamento de transtornos menores oftalmológicos, como no encaminhamento médico nas situações mais graves, demonstrando sempre o conhecimento e a confiança que lhe é tão característica. 

Dra. Maria Sofia Rocha