“Live Your Mark”

Luana Serranho, uma jovem de 18 anos, residente em Lisboa, deu-nos a conhecer um pouco da vida de quem tem Vitiligo. A jovem, praticante de basquetebol desde os 10 anos e, atualmente, a estagiar na Seleção Nacional, conta, nesta entrevista que concedeu à LisbonPH, como aceitou a doença, superou o receio da discriminação e encarou a vida com uma atitude positiva, deixando alguns conselhos a quem, como ela, também vive com Vitiligo.

 

1. Quando foi a primeira vez que te apercebeste que tinhas Vitiligo? Esta doença sempre foi visível desde a nascença?

“O Vitiligo apareceu-me, pela primeira vez, por volta dos 12/13 anos.”

 

2. De que forma evoluíram as tuas manchas? Tiveram uma evolução marcada, houve algum período de estagnação ou estão semelhantes desde que apareceram?

“As manchas começaram por aparecer nos cotovelos, uma no joelho e depois nas mãos. Por exemplo, se caísse e esfolasse alguma parte do corpo, por mais que desinfetasse a ferida, esta acabava sempre por se tornar numa mancha branca. Mais tarde, começaram a aparecer na região perto dos olhos. Apercebi-me de que, nas épocas de mais calor (na primavera e, especialmente, no verão), as manchas que já tinha começavam a alastrar e apareciam novas noutros sítios. Por outro lado, nas épocas de menor calor,  começavam a diminuir de tamanho. Neste momento tenho 18 anos, muitas das manchas já reduziram de tamanho e até agora não tenho novas a surgirem. Agora que já as aceitei, acho que é uma imagem de marca e já me sinto bem com elas!”

 

3. Sentes que as manchas afetaram negativamente a forma como te vês? Alguma vez sofreste algum tipo de discriminação por causa do Vitiligo?

“Inicialmente, custou-me um pouco a aceitar porque tinha medo que as pessoas as vissem e que me discriminassem. Apesar de nunca o terem feito, não as conseguia aceitar muito bem. As pessoas simplesmente perguntavam o que era ou até mesmo comentavam e, para mim, na altura, era um pouco difícil falar sobre a doença e explicar o que era.”

 

4. Necessitas de algum acompanhamento médico especializado? Se sim, existe alguma frequência adequada?

“Quando as manchas começaram a aparecer, os meus pais decidiram levar-me a uma dermatologista que me receitou uma pomada para aplicar nas manchas. À medida que o tempo foi passando, e não houve desaparecimento das mesmas, decidi ir a um médico espanhol que me receitou medicação e outro creme. Relativamente à medicação, deixei de a tomar porque me provocava efeitos secundários. Quanto ao creme, ao longo do tempo também deixei de o aplicar porque não notava nenhuma melhoria na pigmentação das manchas.”

 

5. Tens algum tipo de cuidado específico com a pele? Particularmente, aquando da exposição solar, que tipo de proteção adotas?

“Como já referi, em épocas de calor extremo tenho de utilizar um protetor solar 50+ específico para peles sensíveis. No entanto, mesmo que aplique o protetor em todo o corpo, inclusive nas manchas, tenho tendência para apanhar escaldões nas zonas despigmentadas, pelo que não devo estar muitas horas ao sol. Tento sempre ter um cuidado especial com a zona junto aos olhos.”

 

6. Tens algum conselho que queiras dar acerca do Vitiligo, tanto às pessoas afetadas como às não afetadas?

“Às pessoas que têm Vitiligo, quero dizer-lhes que não se devem sentir diferentes dos outros só porque têm manchas. Sei que, inicialmente, até pode custar um pouco, o que é normal, existe um período de adaptação. No entanto, com o tempo, habituam-se e já não se sentem mal consigo mesmas. Mesmo que as pessoas apontem, discriminem ou comentem, só têm de ignorar porque não é o Vitiligo que nos vai fazer deixar de ser “pessoas”, apenas nos dá características diferentes. Quero também alertar para a proteção da pele contra o sol, para que esta doença não se torne prejudicial para a saúde.”