O enquadramento dos Serviços Farmacêuticos no Ambiente Hospitalar

Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares, de acordo com as funções atribuídas e a sua capacidade, exercem a sua atividade tendo como objetivo essencial o cidadão em geral e a pessoa com doença, em particular. A sua missão consiste em garantir que os medicamentos, dispositivos médicos e outros produtos farmacêuticos são eficazes, seguros e custo-efetivos, e estão disponíveis quando são necessários. Para isso, o Farmacêutico Hospitalar emite pareceres sobre a seleção e utilização, identifica necessidades e solicita a aquisição de medicamentos, garante condições adequadas de armazenamento e distribuição, prepara formulações oficinais e magistrais, ajusta posologias (farmacocinética clínica), assegura a monitorização, reconciliação e vigilância da utilização, gera informação, participa em ensaios clínicos e outros projetos de investigação, faz formação pré e pós-graduada, e apoia comissões e grupos de trabalho.

O objetivo do Farmacêutico Clínico consiste em contribuir para a otimização da terapêutica medicamentosa, a promoção da saúde, o bem-estar e ainda a prevenção da doença. 

A OMS e a FIP assumiram que os serviços farmacêuticos têm sido associados a melhores resultados em saúde, melhores resultados económicos, redução de eventos adversos relacionados com medicamentos, melhoria da qualidade de vida e redução da morbilidade e mortalidade. Os indicadores-chave de desempenho, ou seja, aqueles que demonstraram estar associados a resultados positivos em saúde, resultaram nos oito indicadores de consenso adotados no Canadá (consensus clinical pharmacy Key Performance Indicators (cpKPIs), sendo eles, a integração em equipa multidisciplinar, a reconciliação na admissão, a reconciliação na alta, a participação na visita médica, a revisão da terapêutica medicamentosa, a resolução de problemas relacionados com medicamentos, a formação e capacitação sobre medicamentos a doentes em internamento e em ambulatório.

O futuro que desejamos deverá estar sempre associado a inovação e desafio. Queremos prevenir e não tratar, preocupamo-nos com os determinantes sociais e o modo como afetam os riscos e os resultados em saúde, bem como com a sustentabilidade e o impacto ambiental. 

Há novos desafios a que teremos de dar resposta, como o aumento da utilização de medicamentos complexos e de elevado custo, as opções de tratamento adaptadas a grupos de doentes com base em biomarcadores preditivos ou a indivíduos com base no seu perfil genético. O desenvolvimento de terapias avançadas exigem conhecimentos especializados muito específicos, que ultrapassam o domínio farmacêutico tradicional e abrangem áreas que estão na fronteira com outros setores, como a biotecnologia e os dispositivos médicos. Na minha opinião, a Farmácia Hospitalar continuará a fazer bem o que já faz, melhorando sempre que possível, dará resposta ao inesperado, mas mais importante, terá uma estratégia definida e estará bem preparada para responder aos desafios que já sabe que existirão.

Doutora Fátima Falcão,

Diretora dos Serviços do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental