O que é o ESG?

A Sustentabilidade é muitas vezes associada à componente Ambiental, mas sendo esta importante, existem outros fatores que são igualmente muito relevantes e que podem ser divididos em três grandes áreas: E, S, e G.

O ESG (do inglês: Environmental, Social and Governance) corresponde a fatores de natureza Ambiental, Social e de Gestão das empresas. A título de exemplo, os fatores ambientais incluem preocupações relacionadas com a pegada ambiental de uma empresa. Os fatores sociais englobam educação, acesso à saúde e desenvolvimento físico, entre outros. Já os fatores de gestão das empresas referem-se, por exemplo, ao sistema de políticas e práticas através das quais uma empresa é dirigida e controlada, com vista ao cumprimento de objetivos de longo prazo.

O ESG tem ganhado uma cada vez maior relevância no mundo empresarial e os consumidores, que estão cada vez mais informados, exigem (e penalizam) as organizações que não demonstram preocupações ambientais, mas também sociais e de gestão das empresas. Tal como demonstrado por uma análise efetuada por George Serafeim da universidade de Harvard, a aposta nestas áreas está correlacionada com maiores retornos financeiros

As indústrias devem olhar para cada um dos elementos ESG de formas diferentes, pois o impacto que cada indústria pode ter nas diferentes áreas não é igual. Assim, e a título de exemplo, nas empresas da indústria do petróleo, o fator “E” tem grande relevância (elemento relacionado com o ambiente). 

Na indústria farmacêutica, o “S” (Social) tem um peso muito maior, sobretudo no que toca ao acesso que os doentes têm aos medicamentos. Em 2021, a prestigiada organização Access to Medicines Foundation voltou a publicar um ranking das empresas farmacêuticas que se têm destacado no que toca ao acesso dos seus produtos ao mercado. Neste ranking são contemplados três fatores: gestão do acesso, investigação & desenvolvimento e entrega dos produtos. Tendo em conta estes elementos, as empresas GSK, Novartis e Johnson & Johnson surgem nos três primeiros lugares, respetivamente. 

São vários os exemplos que se podem dar da boa aplicação de ESG, nomeadamente a aposta que algumas destas empresas farmacêuticas fazem em desenvolver medicamentos para doenças que são prevalentes em países em desenvolvimento, tal como são os casos da malária ou da lepra. Outro exemplo está relacionado com as fases iniciais de desenvolvimento dos medicamentos e a forma como as empresas começam a pensar em estratégias que permitam que os seus produtos possam chegar aos países em desenvolvimento. Muitos destes países têm limitações nas suas infraestruturas, sendo que um medicamento que exija uma cadeia de distribuição refrigerada, vai ter mais dificuldades em ser fornecido nesses países. 

Os fatores ESG estão a ganhar um peso enorme no mundo empresarial e é importante que todas as empresas comecem a pensar nestes elementos de forma estratégica e como um investimento que, para além de conferir retornos financeiros, permite posicionar essas empresas de forma mais competitiva, preparando-as para o futuro. 

A aposta estratégica nos fatores ESG permite uma maior sustentabilidade e performance. As empresas portuguesas devem apostar de forma estratégica nos fatores ESG, pois só assim vão conseguir garantir a sustentabilidade das suas organizações.

Daniel Guedelha e André Correia – Fundadores do Podcast CRUZAMENTO 

NOTA: Este documento não pode ser replicado sem a autorização prévia de Daniel Guedelha