Os desafios do farmacêutico hospitalar na área da Oftalmologia

Nos últimos anos, a área da Oftalmologia tem conhecido grandes avanços, estando em constante evolução e possibilitando aplicações diagnósticas e terapêuticas cada vez mais precisas a uma população mais envelhecida.

O farmacêutico hospitalar deve integrar a equipa multidisciplinar, promovendo o uso racional do medicamento e outros produtos farmacêuticos e contribuindo para a utilização segura e eficaz, de forma a optimizar os resultados em saúde, conforme a legislação em vigor e normas regulamentares.

As doenças que afetam os olhos e a visão, muitas delas raras, apresentam um diagnóstico e tratamento difíceis. A especificidade desta área requer uma constante aprendizagem, nomeadamente sobre doenças como a degenerescência macular relacionada com a idade, retinopatia diabética, glaucoma, endoftalmite, uveíte e edema macular. Neste contexto, são utilizados medicamentos como aflibercept, ranibizumab, acetonido de fluocinolona e implantes de dexametasona administrados por diferentes vias: intra-vítrea, injeção subconjuntival ou através de sistemas oculares de libertação prolongada.

Para diferentes indicações oftalmológicas, existem medicamentos com eficácia e segurança demonstrada, mas que não se encontram disponíveis comercialmente para a via de administração oftálmica, quer por desinteresse económico da Indústria Farmacêutica, quer por problemas de estabilidade das preparações. Isto significa que, muitas vezes, os medicamentos são usados off-label ou têm de ser produzidos na Farmácia Hospitalar, por manipulação e adaptação à via oftálmica de formulações comercializadas para outras vias de administração, mediante a supervisão do farmacêutico.

As Unidades de Preparação de Medicamentos Oftálmicos são da responsabilidade do farmacêutico hospitalar, que deve avaliar o tipo de instalações e equipamentos a utilizar de acordo com o medicamento a ser manipulado. Devem ser analisados os riscos de produção, os riscos ambientais e os riscos para o operador, assegurando um plano adequado de controlo de qualidade e rastreabilidade do medicamento, com procedimentos escritos e aprovados de acordo com as Boas Práticas de Farmácia Hospitalar.

O desafio do farmacêutico hospitalar em Oftalmologia vai para além da parte clínica e da produção de medicamentos. A rentabilidade do medicamento, com redução de custos, a par com a sua utilização racional são pontos subjacentes a toda a atividade e determinantes para uma melhor gestão de resultados.

Dra. Kátia Lourenço