Varicela na Criança e no Recém-nascido

A varicela é uma das doenças mais comuns em Pediatria. Pode aparecer em qualquer idade, mas é mais frequente em crianças até aos 10 anos. Muito contagiosa, mas quase sempre sem grande gravidade, implica que todos estejamos atentos para que o diagnóstico, tratamento e isolamento da criança infetada sejam feitos o mais rápido e adequadamente possível.

O que é?

A varicela é uma doença infecciosa, muito contagiosa, causada pelo vírus varicella zoster. É uma das doenças benignas da infância, mais comum no final do inverno e no início da primavera, e em crianças mais pequenas.

Como se transmite?

A transmissão pode ocorrer antes da pessoa infetada ter qualquer sintoma e até todas as borbulhas estarem em crosta. A doença dura habitualmente 5 a 7 dias e o período de incubação 11 a 21 dias.

O vírus pode ser transmitido através do contacto direto com as vesículas da pele ou pelas secreções respiratórias da pessoa doente. Nas grávidas, pode também ser passado através da placenta, levando à infeção do bebé, o que é particularmente grave no primeiro trimestre, altura em que pode originar malformações.

Como se manifesta?

A varicela caracteriza-se pela presença de diferentes tipos de lesões na pele que dão muita comichão, podem atingir qualquer parte do corpo, e cujo número e gravidade variam de criança para criança. As lesões aparecem inicialmente como pequenas manchas/pápulas rosadas, que evoluem rapidamente para vesículas, que acabam por se transformar em crostas. O mais característico é, com a evolução da doença, estes 3 diferentes tipos de lesões estarem presentes ao mesmo tempo e surgirem invariavelmente na cabeça, boca e região genital.

Outros sinais e sintomas incluem o mal-estar, a febre, a falta de apetite, as cefaleias e dores abdominais, que podem surgir antes do aparecimento das lesões.

Como se trata?

O tratamento é sobretudo sintomático:

  •  Manter as unhas curtas e limpas;
  • Utilizar roupas leves e frescas;
  • Banhos de água morna e gel antisséptico (embora referida como mito, a farinha maizena pode ser utilizada com efeito na água do banho), sem esfregar a pele;
  • Enxugar a pele com cuidado e aplicar cremes/loções antipruriginosas;
  • Usar anti-histamínicos para controlar a comichão;
  • Se febre, dar apenas paracetamol – NÃO utilizar ácido acetilsalicílico (ex. aspirina e derivados) ou ibuprofeno, porque se associam a possíveis complicações graves.

O tratamento com fármacos antivirais deve ficar ao critério do médico assistente, fazendo sentido no caso de segundos contactos ou em crianças com imunodeficiências, neoplasias ou doenças crónicas que se possam associar a complicações.

Quais as complicações possíveis?

Os adolescentes, adultos e crianças com a imunidade diminuída têm maior risco de doença grave e complicações. Embora seja uma doença benigna, as mais frequentes são a sobreinfeção das lesões, a pneumonia e a encefalite.

Como prevenir e limitar o contágio?

Para a prevenção é essencial isolar a criança infetada até que as lesões estejam todas em crosta, sendo uma doença de evicção escolar obrigatória. A vacina para a varicela existe mas não faz parte do Programa Nacional de Vacinação, sendo recomendada apenas a grupos de risco, não estando habitualmente indicada em crianças saudáveis.

Dr.ª Inês Marques, Médica Pediatra e autora do blogue omundodapediatria.com