Get To Know The Alumni – Bernardo Crispim
/in Sem categoria/by lisbonphA geração millennial (na qual me incluo por escassos meses para efeitos de contexto) nasceu num mundo incapaz de lhe oferecer aquilo que os seus pais e avós lhes prometeram. As gerações do pós-guerra viveram tempos incríveis de prosperidade social e económica, uma classe política estável que conseguia, melhor ou pior, responder às necessidades crescentes das pessoas. Isto levou à criação de um argumento incompleto que é uma falácia nestes tempos pós-modernos. Lembro-me de os meus pais dizerem: filho, estuda e aplica-te que vais ter um bom emprego e uma boa vida. Claro que aqui podemos entrar em discussão naquilo que cada um considera, individualmente, ser um bom emprego e uma boa vida. Mas factos são factos. O crescimento económico (quase) estagnou o que levou a sucessivas crises financeiras com os efeitos que conhecemos, ainda por sarar. A tecnologia (automação, ferramentas digitais, AI, etc) revolucionou o mercado de trabalho, tornando-o vorazmente competitivo. Os tempos mudaram e as coisas ficaram consideravelmente mais difíceis para um jovem licenciado arranjar o seu “emprego de sonho” (ou emprego só).
Então e aquilo que nos prometeram? Pois bem, a resposta que ouvimos sucessivamente é: “Diferenciação. Diferenciação. Diferenciação. Tu, jovem licenciado, se queres ter sucesso no mercado de trabalho não te podes agarrar apenas a um canudo. Tens de ser empreendedor. Tens de ser multidisciplinar (palavra cara para dizer que não podes saber só aquilo que te ensinaram na aula de Anatomia do 1º ano). Tens de ser criativo!” Ai é empreendedor que querem? Então é empreendedor que vão ter.
No final do ano de 2013 (mesmo nos finalmentes) tive a oportunidade de participar na génese do projecto que iria, mais tarde, revolucionar o perfil do típico estudante de ciências farmacêuticas. Sim, a LisbonPH. A Júnior Empresa da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. Algo um pouco etéreo na altura para um miúdo de 19 anos, mas que viria a fazer uma enorme diferença 5 anos mais tarde quando, este pobre millennial, se lançou na demanda do primeiro emprego. A nossa visão e objetivo era precisamente dar resposta às necessidades que sentíamos, em criar um profissional de saúde do futuro empreendedor, criativo e multidisciplinar.
Pouco ou nada sabia de gestão de projectos, marketing, estratégia de negócio, os skills básicos para trabalhar numa empresa sabem? Mas lá está, o pretendido não era isso. O objetivo era perdermos a vergonha e irmos por nós próprios aprender. Não sei. Aprendes. Como? A fazer idiota. Em equipa começámos a criar pequenos projectos juntamente com professores da faculdade que viam potencial naquilo que estávamos a fazer, geralmente eventos de cariz científico como congressos e simpósios, e assim, esta pequena locomotiva a carvão tornou-se num comboio de carga de alta velocidade (movido a energias renováveis, calma).
Durante 3 gloriosos anos (com muita dor de cabeça e noites mal dormidas à mistura) passei por duas posições distintas na LisbonPH. No início entrei para o Departamento Comercial e Logística (teve vários nomes ao longo do tempo, mas chamemos-lhe assim para facilitar), no qual participei ativamente na concepção da estratégia comercial da LisbonPH e na sua implementação. Além do trabalho institucional, estávamos também fortemente ligados à gestão de projectos, o que nos permitia trabalhar numa estrutura matricial com diferentes departamentos e desenvolver a nossa capacidade de trabalhar em equipa e de fazer várias coisas ao mesmo tempo (lá está, multidisciplinariedade). Depois desta experiência arrebatadora, assumi uma posição de liderança enquanto Secretário Geral, na qual tive o grande desafio do meu percurso. Aqui, numa posição mais estratégica que operacional, para além da representação externa da LisbonPH com os nossos clientes e pares, estava sobre a minha alçada a gestão interna da equipa de um modo cross–functional com os diversos departamentos. Aqui, aprendi que o meu objetivo enquanto gestor de pessoas não é mandar nem fazer com que as coisas aconteçam, mas sim dar às pessoas aquilo que elas precisam para que consigam ter sucesso e crescer.
Acredito que foi aquilo que aprendi na LisbonPH que me tornou apto e possibilitou ingressar na Indústria Farmacêutica. Depois de uma breve passagem pela Direção de Avaliação de Medicamentos do Infarmed (e umas noites na farmácia do Parque Eduardo VII), iniciei um estágio no Departamento de Acesso ao Mercado da Gilead Sciences. O que seria apenas um estágio para cobrir uma licença de maternidade, rapidamente se transformou numa oportunidade única, visto que, ao final de um ano, passei a desempenhar as funções de Market Access Manager responsável pela área de Doenças do Fígado, Oncologia e Terapia Celular.
Se até ao lavar dos cestos toda a parra é vindima, nestes tempos pós-modernos o importante é o que fazes à uva e acredita, a LisbonPH é cá uma adega.