A importância do empreendedorismo jovem no setor farmacêutico

Os últimos anos têm sido profícuos no aparecimento de projetos de jovens profissionais, em diferentes áreas e setores de atividade, que acabam por resultar na criação de pequenas empresas. O conceito de ´empresa startup´ está hoje perfeitamente enraizado na sociedade portuguesa, existindo até um sentimento generalizado de que o País possui uma “comunidade empreendedora” assinalável.

Se até há uns anos atrás a tendência generalizada entre os jovens recém-formados era a procura de emprego, estágios profissionais e outras oportunidades no mercado de trabalho, hoje é cada vez mais frequente a criação do próprio emprego, colocando em prática uma ideia, um conceito, um trabalho desenvolvido ao longo dos anos de formação académica.

Podemos responsabilizar a crise económica e financeira por esta alteração de paradigma. Podemos justificá-la com o aumento das taxas de desemprego, muito particularmente do desemprego jovem. Mas devemos atribuir também uma quota parte de responsabilidade às tendências do mundo moderno, assente na globalização, no livre acesso ao conhecimento e, fundamentalmente, numa característica que parece vingar entre as gerações mais novas: o seu carácter empreendedor e a sede de vingança num meio empresarial cada vez mais competitivo.

Prova deste novo paradigma são as inúmeras startups e júnior empresas criadas nos últimos anos. Algumas resultam e ganham dimensão porque respondem a necessidades concretas e atuais do mercado; outras ousam aparecer demasiado cedo para o seu tempo e requerem um esforço suplementar de sobrevivência; outras ainda, acabam por desaparecer, deixando, no entanto, os seus impulsionadores com importantes ensinamentos para projetos futuros e para o próprio mercado de trabalho.

É este o espírito do empreendedor que importa hoje valorizar nos profissionais modernos: alguém que gosta de arriscar e que revela uma dedicação extrema ao trabalho que está a desenvolver.

No setor da Saúde e, em especial, na área farmacêutica tem sido evidente o aparecimento destes projetos inovadores, alguns dos quais ligados, de alguma forma, às novas tecnologias de informação e comunicação, que pretendem alcançar uma aplicação prática para conceitos teóricos.

Também na prestação de cuidados se constroem exemplos pioneiros, que alargam os horizontes profissionais e que abrem por isso novas perspetivas para a própria profissão. O futuro está à vista de todos e é contruído por estes jovens que movem mundos e fundos para corresponder à aposta que a sociedade neles fez.

A profissão farmacêutica fez já sua transição geracional – quase metade dos profissionais a exercer atualmente têm menos de 40 anos. Uma transição serena, mas firme na necessidade de renovação para garantir o futuro da nossa profissão, respeitando os valores e princípios que sempre caracterizaram a nossa atuação junto da população.

Cabe à Ordem dos Farmacêuticos acompanhar estas novas tendências, dar suporte às apostas dos jovens profissionais em novas áreas do saber e destacar os farmacêuticos mais jovens como atores de um modelo empreendedor, competitivo e que expanda a presença de Portugal no mundo.

 

Ordem dos Farmacêuticos

Bastonária – Professora Doutora Ana Paula Martins

Doutor Pedro Nandin de Carvalho