Como vencer a ansiedade de falar em público
Era o momento mais esperado do ano, poderíamos dizer da vida. Ana conseguiu ser selecionada para o concorrido programa “Lago dos Tubarões” (Shark Tank Portugal) e vai estar a um passo de obter um grande investimento para a sua startup. Porém, o seu corpo começa a mandar recados como taquicardia, sudorese, a sua pupila está a dilatar, a sua mão está gelada e a sua boca seca. Ana está paralisada e, nesta altura, já não se consegue lembrar do que deveria falar.
Por infelicidade, Ana, a nossa empreendedora fictícia sofre de ansiedade de falar em público, ou glossofobia, que, de acordo com pesquisas do National Social Anxiety Center, instituição norte-americana, 73% da população mundial padece deste transtorno. A ansiedade de falar em público é considerada um transtorno de ansiedade social e o medo subjacente é o congelamento do cérebro na hora da exposição ou a avaliação negativa das pessoas. Desta forma, a ansiedade e medo trabalham de mãos dadas, como forma de retroalimentação. Quando uma pessoa está ansiosa, o medo é o estado psicológico subjacente que alimenta a ansiedade.
Como enfrentar a situação
O nosso cérebro está atento aos perigos que podemos enfrentar, contudo, ele não consegue diferenciar se estamos a nadar com tubarões nas Ilhas Maldivas ou a falar com os investidores-tubarões num pitch para uma apresentação de negócios.
Falar em público não é uma ameaça à vida, e o organismo não precisa de reagir imediatamente para nos proteger. O primeiro passo é conseguir mudar a forma de enfrentar o momento, tornando-o mais positivo. Lembre-se que, se precisar de parar para refletir por alguns instantes, isso não afetará a sua apresentação.
Se estiver com medo, faça o que tiver que fazer, mesmo com medo. Esta frase segue o raciocínio do psicólogo espanhol Guillermo Fouce, que diz: “Se tenho pânico de falar em público e não o faço, isso gera ainda mais ansiedade e tensão, reforçando ainda mais o medo”.
Para uma boa apresentação é preciso organizar as mensagens e treinar. Uma dica importante é: preparar tudo com antecedência e treinar diariamente, no máximo 20 minutos, a entoação, a postura, os gestos. A linguagem corporal muitas vezes diz mais do que muitas palavras.
Respire pausadamente, mas respire! Pode parecer um clichê, mas com ansiedade em elevados níveis, muitas pessoas deixam de respirar e isso aumenta ainda mais o desespero em que se encontram.
Uma forma de vencer a glossofobia é passar por um programa de coaching. Nesse processo, a pessoa receberá apoio e orientações fundamentais para o seu autoconhecimento e desenvolvimento. Com isso, a sua autoestima e confiança serão potencializadas, tornando-a(o) apta(o) a liderar uma equipa, falar em público e também negociar com investidores-tubarões.
Por fim e, por experiência própria, deixo uma dica muito valiosa, que utilizo nas minhas palestras e cursos e que me ajuda imenso a falar em público: foque-se num ponto específico, pode ser no fundo da sala ou numa pessoa conhecida da plateia e canalize a ansiedade e os medos para esse ponto. Aos poucos, perceberá que a descontração chegou e que o público se está a envolver cada vez mais com a sua apresentação.
Dra. Fátima Sendim – CEO de Fátima Sendim Executive Coaching