Saúde Mental e Fitoterapia – Qual a Aplicabilidade?

 Saúde Mental e Fitoterapia – Qual a Aplicabilidade?

O panorama da Saúde Mental em Portugal e no mundo tem vindo a deteriorar-se nos últimos anos, principalmente após a pandemia de COVID-19. Não só a depressão, mas também outros transtornos, como a ansiedade e o transtorno afetivo sazonal, são condições preocupantes, que afetam diretamente a qualidade de vida de quem convive com elas.

Por outro lado, os distúrbios de sono, ainda mais prevalentes, estão, muitas vezes, de mão dada com os problemas de Saúde Mental. Por este motivo, torna-se essencial otimizar o sono, não só pela sua extrema importância, mas também como forma de minimizar o seu impacto noutros problemas de saúde.

A fitoterapia pode ser, a par com as estratégias de boa higiene de sono, uma solução de primeira linha para a promoção da qualidade do sono. Além de ativos bem conhecidos, como a valeriana, existem várias soluções com composições bastante completas que podem auxiliar, não só o adormecimento, como a manutenção da qualidade do sono. Suplementos alimentares à base de plantas têm demonstrado ser uma mais-valia em estados iniciais da patologia, com um rácio benefício/risco mais vantajoso, quando comparados com medicação de prescrição médica.

Além de composições diferentes, existem também formas farmacêuticas adaptadas a diferentes públicos, sejam comprimidos, gotas ou até gomas, melhorando a adesão à terapêutica. Desta forma, torna-se cada vez mais fácil a indicação de opções naturais como solução para distúrbios de sono.

Quando o stress se torna limitante e acaba por ter impacto direto na qualidade de vida, os suplementos alimentares também são uma opção válida. As plantas adaptogénicas, como a Rhodiola rosea, ajudam o organismo a adaptar-se ao stress, ajudando a restabelecer o equilíbrio. Aumentam a resistência do organismo aos fatores de stress físico, biológico, emocional e ambiental e favorecem o bom funcionamento das funções fisiológicas normais. Quando combinadas com outros ativos, como o magnésio e a vitamina B6, têm resultados ainda mais interessantes e potenciados.

Muitas vezes, o estado de ânimo é também afetado, seja por desequilíbrios internos, como flutuações hormonais, ou por fatores externos. Nestes casos, a diminuição de neurotransmissores na fenda sináptica e a sua recaptação pode ser também reequilibrada com alguns ativos vegetais. Nestes casos, a Rhodiola rosea também é interessante, por ter a capacidade de diminuir a degradação da serotonina, dopamina e norepinefrina, mantendo estas hormonas mais tempo na sinapse. Por outro lado, ingredientes como o Crocus sativus têm sido cientificamente suportados como tendo ação de anti-recaptação dos neurotransmissores pelos recetores sinápticos. Assim, a ação conjunta dos dois ativos em questão tem efeitos muito idênticos aos medicamentos antidepressivos, o que abre a possibilidade de ação de primeira linha na prevenção e alívio de sintomas depressivos.

As opções fitoterápicas podem ser, de facto, uma solução para problemas primários da Saúde Mental e muito válida para quem procura opções naturais para aliviar os seus sintomas, sejam eles relacionados com o sono, o stress ou até o ânimo.

 

Catarina Esteves 

09/2023