The benefits of fitness for Mental Health

You want to get your body to look a certain way. Whether it’s adding more muscles or losing fat, you want to know what exercises will get you there. 

But here’s the thing. 

Exercising has far too many other benefits, especially for Mental Health. Yes, you can achieve a certain body composition with it. But that’s more the aesthetics of it. How exercise benefits your Mental Health is actually pure magic. 

What does exercising do that is more beneficial than changing the way you look? 

  1. It makes you feel energetic. When you exercise, you are sending more oxygen to your tissues. This improves your cardiovascular system. That’s your heart and lung health. And when your heart and lungs do well, you have more energy; 
  2. It helps you relieve stress. Exercise reduces levels of the body’s stress hormones, such as adrenaline and cortisol. And it increases the feel good hormones – endorphins. Exercising is also like playing. You keep your body focused on working out or walking or anything that you enjoy, and your mind is no longer thinking about everyday life chores;
  3. Exercise naturally helps you reduce anxiety and depression. When you are exercising, you are present in the moment. Whether you are running or lifting heavy weights, you have to focus on your breath, form and how you are feeling during the activity. That makes you fully present in the moment. It’s the easiest way to practice mindfulness;
  4. Exercising makes you feel confident. Your strength improves, your endurance improves, your posture gets better, your energy levels get higher, you look good in clothes that you wear. And all this translates to you feeling confident. It’s a great way to boost self-esteem;
  5. It helps you sleep better. And we all know, sleep is an underrated superpower that actually helps us do more. Exercising increases body temperature. This inturn has a calming effect on the mind. And that inturn helps you sleep better. Just be careful to not exercise too close to bedtime;
  6. Exercising is great for brain power. When you exercise, your brain produces new cells – a process called neurogenesis. That process helps strengthen the hippocampus. This helps prevent cognitive decline as we age, especially dementia and Alzheimer’s.  

     

    How often should you exercise? If possible, everyday for 20-30 minutes. If not, 4-5 times a week. Do you have to go to the gym? No! Walk around your neighbourhood, that works too. 

    What form of exercise should you do? Any form that you enjoy – running, Tennis, walking, dancing. It doesn’t matter.

    Make time for it. Prioritise your Health. It’s your first foundation. And if your foundation is weak, it will crumble as you try to build on it. 

    You owe it to your mind and body to take care of it, because you only get one.

    Priyamvada S.



Vacinas contra o cancro: uma abordagem com potencial por explorar

O cancro é uma das doenças mais prevalentes a nível global, afetando anualmente milhões de pessoas em todo o mundo, com um impacto enorme nos doentes, nas famílias, nos sistemas de saúde e na sociedade em geral. Apesar do progresso extraordinário que tem sido alcançado nas últimas décadas do ponto de vista clínico, alicerçado em tratamentos como a cirurgia, radioterapia e quimioterapia, terapêuticas completamente curativas (isto é, que resultem numa cura total dos doentes) continuam a ser minoritárias, estando muitas vezes dependentes do estadio de avanço da doença aquando do diagnóstico. Neste contexto, as vacinas contra o cancro apresentam potencial para, ao longo dos próximos anos, serem mais uma opção no arsenal de “ferramentas” à disposição dos oncologistas. 

Ao contrário de outras modalidades terapêuticas como a quimioterapia, que geralmente “atacam” células com elevada capacidade proliferativa anormais (como células cancerígenas) e também células saudáveis (como folículos capilares), as imunoterapias atuam a nível do sistema imunitário, estimulando o mesmo para que possa reconhecer as células tumorais como células anormais, e as elimine. 

Já existem atualmente em uso clínico vários fármacos “imunoterapêuticos”, sendo os anticorpos inibidores de checkpoints imunitários (como o pembrolizumab) os que maior sucesso clínico têm revelado no tratamento de alguns tipos de cancro. 

No caso das vacinas contra o cancro, distinguem-se dois tipos principais, diferenciadas pelo seu modo de ação:

  • Vacinas preventivas: atuam de forma muito semelhante às vacinas tradicionais contra doenças infeciosas (como a gripe), sendo administradas de forma preventiva para criar memória imunitária contra determinados agentes infeciosos (em especial vírus), impedindo ou limitando a capacidade dos mesmos em causar doença após infeção.  

O exemplo mais conhecido é a vacina contra o papilomavírus humano (HPV), que faz parte do plano nacional de vacinação para prevenção do cancro do colo do útero.

  • Vacinas terapêuticas: são administradas após um diagnóstico de cancro, com o objetivo de estimular o sistema imunitário a reconhecer e eliminar especificamente as células cancerígenas. 

Um dos exemplos nesta categoria é a Provenge® (Sipuleucel-T), uma vacina aprovada pelas autoridades de saúde dos EUA (FDA), para tratamento do cancro da próstata avançado, que revelou um aumento na sobrevida global dos doentes em ensaios clínicos. É uma vacina personalizada, que envolve recolha de células imunitárias do doente, exposição a uma proteína encontrada nas células tumorais, e posterior re-infusão. De notar que esta vacina já não possui autorização para administração em países regulados pela Autoridade Europeia do Medicamento (EMA).

A personalização é um dos fatores mais atrativos das vacinas terapêuticas. Ao serem adaptadas às mutações existentes nos tumores dos doentes, estas vacinas podem ser altamente eficazes (e apresentarem menos efeitos secundários) porque têm como alvo antigénios específicos que existem apenas nas células tumorais do doente (e não nas células saudáveis). 

Apesar de resultados promissores em ensaios clínicos, as vacinas contra o cancro enfrentam ainda vários desafios, sendo de destacar (i) a capacidade de supressão imunológica dos tumores, que faz com que as células imunitárias possam perder atividade e eficácia no microambiente tumoral, (ii) a heterogeneidade em termos de resposta clínica, já que nem todos os pacientes respondem às vacinas e a sua eficácia, podendo variar com base no tipo de cancro e nas características individuais, e (iii) o custo e acessibilidade, já que o desenvolvimento de vacinas personalizadas exige recursos e infraestrutruras especializadas que podem torná-las dispendiosas e menos acessíveis para os doentes. 

Numa perspetiva global, não revelando, neste momento, potencial curativo quando utilizadas como terapia única, as vacinas poderão constituir uma abordagem complementar que melhore a resposta clínica e a qualidade de vida dos doentes. À medida que a investigação clínica na área das imunoterapias e medicina personalizada se desenvolve, e a otimização de métodos de fabrico permite a redução de custos de produção, é expectável que as vacinas contra o cancro sejam incluídas num regime normal de tratamento dos doentes, tornando cada vez mais possível que o tratamento do cancro seja curativo para a maioria dos doentes.  

 

Pedro M. Costa

Diretor de Operações

Stemmatters, Biotecnologia e Medicina Regenerativa SA



Get to Know the Alumni – Mafalda Galveia

Olá a todos! O meu nome é Mafalda Galveia, tenho 25 anos e sou mestre em Ciências Farmacêuticas. Atualmente, trabalho na área da Dermocosmética e sou Marketing Intern da Eucerin na Beiersdorf.

É um privilégio poder dizer que o meu percurso profissional começou durante a faculdade, quando ingressei no Departamento de Inovação e Científico da LisbonPH, em 2019. É a primeira experiência onde temos o verdadeiro contacto com o mundo empresarial e que nos dá uma realidade do que vai ser o nosso futuro ao ingressar no mercado de trabalho. Damos o nosso contributo na área da Saúde e vemos projetos impactantes a crescerem de raiz. Aprendemos a gerir tarefas com outros departamentos, a estabelecer prioridades e, acima de tudo, adquirimos formações e ferramentas que nos permitem uma diferenciação positiva quando nos recrutam para uma equipa. 

Fiz parte da estrutura numa altura muito desafiante, quando a Júnior Empresa teve de se adaptar rapidamente à realidade da pandemia e investir todas as suas cartas na vertente online. Apesar das adversidades, acompanhámos as tendências e continuámos o legado empreendedor, criativo e multidisciplinar. Foi aí que estive no desenvolvimento de um projeto ligado à Dermocosmética e percebi qual a área que mais me concretizava. A determinação e o foco constantes no meu percurso na LisbonPH foram determinantes para alcançar os meus objetivos – comecei por estagiar na Pierre Fabre Dermo-Cosmétique e neste momento estou na Beiersdorf.

O conselho mais sincero que posso dar é tirarem o maior partido do que a LisbonPH vos dá: estarem sempre prontos para novos desafios, mostrar interesse em aprender, dar o melhor contributo e não ter medo de arriscar. Todos os dias são oportunidades para mostrarem porque é que fazem a diferença! É verdade sempre que ouvirem “tudo o que derem à LisbonPH, receberão a dobrar.” Desejo-vos muito sucesso no futuro profissional.



O risco dos Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) no desenvolvimento de demências e Alzheimer

A Doença Vascular Cerebral é muito frequente e causadora de vários síndromes clínicos. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) tem uma conotação com a instalação relativamente súbita de défice neurológico. A designação anglo-saxónica usada, stroke1, evoca bem essa noção de rapidez com que se instalam os sintomas. Estes resultam de isquemia por obstrução dos vasos, ou por hemorragia devida à rutura desses mesmos vasos. Por vezes instala-se faseadamente, com a repetição de AVC.

Nalguns casos, o doente pode perder capacidades cognitivas anteriormente existentes e desenvolver demência. A demência é uma síndrome com várias etiopatogenias, e que resulta da perda ou disfunção de capacidades cognitivas prévias e com intensidade capaz de interferir com as atividades da vida diária.

No caso de estar associada, temporal e etiologicamente, a doença vascular cerebral tem o nome de Demência Vascular. Outras demências, muito prevalentes, como a demência de Alzheimer, têm causas próprias, muitas vezes referidas como neurodegenerescência. 

No entanto, foi-se acumulando evidência científica de que existe um espetro de patologia vascular desde a Demência Vascular até à Doença de Alzheimer, e um grande grupo de doentes com patologia mista (Neurology 2009;72: 368-374). Isto é, nalguns doentes podem coexistir causas neurodegenerativas e causas vasculares. Essa patologia vascular não se resumiria ao stroke com as clássicas lesões na distribuição dos grandes vasos, mas também outras pequenas lesões postas em evidência sobretudo graças às técnicas de imagem e estudos vários subsequentes. A RMN cerebral revela, em muitos doentes, pequenas lesões subcorticais, traduzidas por hiperintensidades da substância branca, enfartes lacunares ou microhemorragias, e que pareciam acompanhar o declínio cognitivo desses doentes. Mais, parecia que as alterações vasculares descritas poderiam atuar sinergisticamente, ou concomitantemente com a patologia de Alzheimer, produzindo uma disfunção cognitiva maior do que cada patologia isoladamente. 

Chegou-se assim ao conceito de Doença de Pequenos Vasos que afetaria a microvascularização cerebral profunda e incluiria disfunção da barreira hematoencefálica, alteração da vasodilatação, da rigidez vascular, da circulação sanguínea e da drenagem de fluidos intersticiais, rarefação da substância branca, isquemia, inflamação, lesão da mielina e neurodegenerescência secundária (Lancet Neurol 2019; 18:684-96). As causas e a apresentação são muito diversas, desde as formas esporádicas comuns até formas raras de origem heredofamiliar. De qualquer modo a Doença de Pequenos Vasos tem assumido cada vez mais um papel central nas causas de demência e contribuído, como causa, para cerca de cinquenta por cento de todas as demências.

A Lancet Commission on Dementia prevention, intervention and care (Lancet 2020; 396: 413-46) identificou 12 fatores modificáveis e, entre eles, a hipertensão na meia-idade, a diabetes, e a obesidade. Também o estudo WW-FINGERS (Alzheimers Dement 2020; 16:1078-94) realça a importância do controlo vascular e do risco metabólico como prevenção na demência. Isto traduz a importância da patologia vascular cerebral em grande parte das causas de demência, e a possibilidade de tratamento preventivo. 

 

Stroke1 – No ICD-11 (2022), as Doenças Cérebro Vasculares, em bloco, foram finalmente integradas no Capítulo das “Doenças do Sistema Nervoso”.


O Papel da Empatia na Construção de Relações Sociais Saudáveis

A empatia, referida pela psicologia como “calçar os sapatos do outro”, refere-se à capacidade de compreender aquilo que outra pessoa pode estar a passar, tendo em conta as suas vivências prévias e a sua experiência de vida. Para além da própria compreensão, abrange também uma disponibilidade afetiva para que possamos assimilar o que vemos e ouvimos, e para que nos possamos emocionar com a outra pessoa, sempre que se justificar, estando alinhados com a sua emoção.
Quero com isto dizer que uma postura empática consiste, por exemplo, em olhar para alguém que está triste, entender essa tristeza de acordo com o referencial, ou seja, a experiência de vida dessa pessoa (tendo em conta a sua bagagem, como eu costumo dizer na prática clínica) e sentir também um pouco dessa tristeza face à compreensão profunda do que essa pessoa está a sentir e do impacto que essa emoção tem em si especificamente.
Assim, a empatia constitui uma ferramenta para relações humanas saudáveis, no geral, e não se deve restringir unicamente à relação terapêutica entre psicólogo/a e cliente. Na verdade, todos nós queremos ser ouvidos e acolhidos com empatia, certo?
Esta empatia pode ser demonstrada de forma verbal ou não verbal e procura, no âmbito das relações sociais, compreender a realidade das pessoas com quem nos cruzamos e convivemos, validando o que sentem. Assim, no nosso dia a dia, podemos demonstrar empatia através de ferramentas como a escuta ativa, a validação, o acolhimento do outro, e o permitir expressar emoções, que tantas vezes são invalidadas (por vezes até inadvertidamente).
A empatia permite uma facilitação das relações sociais e contribui para que estas sejam mais adaptativas, na medida em que permite aos elementos de um grupo sentirem-se integrados e validados, potenciando a manifestação de quem realmente somos, sem filtros, e independentemente daquelas que serão as nossas idiossincrasias, promovendo também o nosso sentimento de pertença e vinculação ao grupo.
Nas relações, esta postura empática e aberta para com o outro facilita-nos o criar laços e o estabelecer conexões com mais abertura emocional.

Como pôr a teoria em prática?
Costumo dizer que não somos robots e não é meramente um cliché. Não somos os mesmos e todos carregamos a nossa bagagem com experiências (mais e menos felizes, claro) e agimos/reagimos em função das aprendizagens que daí advêm. Ter uma postura empática implica recordar isto todos os dias, com todas as pessoas que nos rodeiam. Implica ouvir com interesse, sem julgamento e com um cuidado genuíno para ouvir mesmo. Implica transmitir ao outro que estamos ali e estar mesmo. Implica uma postura corporal recetiva e compassiva e uma palavra de compreensão e honestidade que pode ir desde “acredito que isso seja mesmo difícil” a “não consigo imaginar aquilo por que estás a passar, mas estou aqui para que possas falar sobre como te sentes”.
Outra expressão da psicologia para a empatia inclui “segurar o outro com o ouvido”, e acho que conseguimos perceber porquê. Se todos os dias nos lembrarmos disto e procurarmos perceber como pôr a empatia em prática, as nossas relações serão, certamente, mais saudáveis.

Dalila Melfe
Psicóloga (CP 25204)

Saúde Mental e Fitoterapia – Qual a Aplicabilidade?

 Saúde Mental e Fitoterapia – Qual a Aplicabilidade?

O panorama da Saúde Mental em Portugal e no mundo tem vindo a deteriorar-se nos últimos anos, principalmente após a pandemia de COVID-19. Não só a depressão, mas também outros transtornos, como a ansiedade e o transtorno afetivo sazonal, são condições preocupantes, que afetam diretamente a qualidade de vida de quem convive com elas.

Por outro lado, os distúrbios de sono, ainda mais prevalentes, estão, muitas vezes, de mão dada com os problemas de Saúde Mental. Por este motivo, torna-se essencial otimizar o sono, não só pela sua extrema importância, mas também como forma de minimizar o seu impacto noutros problemas de saúde.

A fitoterapia pode ser, a par com as estratégias de boa higiene de sono, uma solução de primeira linha para a promoção da qualidade do sono. Além de ativos bem conhecidos, como a valeriana, existem várias soluções com composições bastante completas que podem auxiliar, não só o adormecimento, como a manutenção da qualidade do sono. Suplementos alimentares à base de plantas têm demonstrado ser uma mais-valia em estados iniciais da patologia, com um rácio benefício/risco mais vantajoso, quando comparados com medicação de prescrição médica.

Além de composições diferentes, existem também formas farmacêuticas adaptadas a diferentes públicos, sejam comprimidos, gotas ou até gomas, melhorando a adesão à terapêutica. Desta forma, torna-se cada vez mais fácil a indicação de opções naturais como solução para distúrbios de sono.

Quando o stress se torna limitante e acaba por ter impacto direto na qualidade de vida, os suplementos alimentares também são uma opção válida. As plantas adaptogénicas, como a Rhodiola rosea, ajudam o organismo a adaptar-se ao stress, ajudando a restabelecer o equilíbrio. Aumentam a resistência do organismo aos fatores de stress físico, biológico, emocional e ambiental e favorecem o bom funcionamento das funções fisiológicas normais. Quando combinadas com outros ativos, como o magnésio e a vitamina B6, têm resultados ainda mais interessantes e potenciados.

Muitas vezes, o estado de ânimo é também afetado, seja por desequilíbrios internos, como flutuações hormonais, ou por fatores externos. Nestes casos, a diminuição de neurotransmissores na fenda sináptica e a sua recaptação pode ser também reequilibrada com alguns ativos vegetais. Nestes casos, a Rhodiola rosea também é interessante, por ter a capacidade de diminuir a degradação da serotonina, dopamina e norepinefrina, mantendo estas hormonas mais tempo na sinapse. Por outro lado, ingredientes como o Crocus sativus têm sido cientificamente suportados como tendo ação de anti-recaptação dos neurotransmissores pelos recetores sinápticos. Assim, a ação conjunta dos dois ativos em questão tem efeitos muito idênticos aos medicamentos antidepressivos, o que abre a possibilidade de ação de primeira linha na prevenção e alívio de sintomas depressivos.

As opções fitoterápicas podem ser, de facto, uma solução para problemas primários da Saúde Mental e muito válida para quem procura opções naturais para aliviar os seus sintomas, sejam eles relacionados com o sono, o stress ou até o ânimo.

 

Catarina Esteves 

09/2023

O Mundo da Fibrose Quística

A Fibrose Quística (FQ) é uma doença genética rara em que há alteração do gene CFTR, responsável pela codificação da proteína com o mesmo nome, estando localizada nas células de vários órgãos. Está descrita desde 1930 e em 1989 foi descoberto o gene responsável. Estão identificados em Portugal cerca de 400 doentes para 75 000 a nível mundial, estimando-se uma prevalência de 1:8 000.

Até à data, há cerca de 2107 mutações descritas, das quais poucas têm expressão clínica identificada (20 a 25), sendo a maioria muito raras. A mutação F508del é a mais frequente (90% dos doentes). A expressão clínica varia (grave versus ligeira) dependendo das mutações CFTR, de genes modificadores e de fatores ambientais. 

A associação de sintomas respiratórios e gastrointestinais ou  infertilidade masculina, ou pancreatites recorrentes pode levar à suspeita clínica. Estes doentes têm secreções brônquicas abundantes, espessas, difíceis de mobilizar,  ficando retidas nas vias aéreas, facilitando o crescimento de microrganismos e provocando infeções respiratórias de repetição com a consequente destruição pulmonar, sendo esta a  principal causa de morbilidade e mortalidade. O envolvimento gastrointestinal condiciona síndromes de má absorção com desnutrição, atraso do crescimento e episódios de oclusão intestinal. Pode haver também envolvimento hepático grave.

O tratamento inclui fármacos inalados fluidificantes das secreções, cinesiterapia respiratória, antibioterapia inalada e sistémica, enzimas pancreáticos, vitaminas lipossolúveis e insulina nos casos de diabetes associada. A doença pode progredir e ser necessário oxigenioterapia ou ventiloterapia domiciliária e transplante pulmonar. A sobrevida pós transplante é boa e a qualidade de vida melhora, embora surjam outras limitações resultantes da terapêutica imunossupressora. 

Existem presentemente novas terapêuticas que corrigem o defeito da proteína (moduladores da CFTR), que vieram melhorar a qualidade de vida, e provavelmente a sobrevida, e modificaram o paradigma de tratamento, passando do tratamento dos sintomas para correção do defeito que os provoca. A terapêutica genética tem sido difícil de implementar porque é difícil chegar ao gene e corrigi-lo, sendo mais fácil corrigir o defeito da proteína.

Em 2012 surgiu o primeiro fármaco dirigido a mutações raríssimas (1 %). Teve muito sucesso mas não tratava doentes com a mutação mais frequente (F508del). Em 2015, surgiu outro fármaco para homozigóticos F508del, mas que teve resultados clínicos muito inferiores e, em 2018, outro fármaco ainda, para doentes com apenas uma mutação F508del, demonstrou igual eficácia, mas  menos efeitos adversos e interações medicamentosas. O mais recente, para doentes com pelo menos uma mutação F508del, revelou-se mais eficaz, reduzindo muito os sintomas e permitindo significativa recuperação da função pulmonar. Foi possível transformar a FQ, numa doença crónica com uma sobrevida cada vez maior e manejável com terapêutica oral de fácil adesão.

Nos anos 90, percebeu-se que os doentes seguidos em centros especializados tinham uma evolução muito melhor e, por isso, assumiu-se que o seguimento devia ser feito onde se concentrassem os recursos especializados para diagnóstico e tratamento. Até aos 18 anos, o seguimento por pediatras, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais e nutricionistas é feito no centro pediátrico, seguindo-se a transição para os cuidados de adultos de forma gradual, através de programas em que as duas equipas (pediátrica e de adultos) vão trabalhar em conjunto até que o doente e família estejam preparados para a transição.

O diagnóstico assenta no rastreio neonatal e os casos identificados são encaminhados para exames de confirmação. A correção do defeito de base associada ao diagnóstico precoce por rastreio neonatal e o seguimento em centros especializados tornou possível iniciar um tratamento muito eficaz antes de existirem alterações irreversíveis aumentando a sobrevida e melhorando a qualidade de vida. Como a doença não depende apenas do genótipo CFTR, mas também de genes modificadores e de fatores ambientais, a resposta à terapêutica moduladora da proteína é variável e, por isso, é importante a colaboração com a Ciência Básica para se identificar ex vivo os doentes potencialmente respondedores. Ainda não temos tratamento para doentes com mutações raras, mas a investigação prossegue.

Em Portugal temos, desde 2018, o rastreio neonatal incluído no Rastreio Nacional vulgarmente conhecido como “teste do pezinho”, tendo começado como projeto piloto em 2013. Pessoas nascidas antes de 2013 podem não estar diagnosticadas, sobretudo se tiverem formas atípicas da doença. Face à suspeita clínica, são realizados exames de diagnóstico como a prova de suor e o estudo genético. Quando a dúvida prevalece recorre-se a métodos para estudar a função da proteína no epitélio nasal ou na mucosa retal.

Temos no País 5 centros de referência reconhecidos pela Direção-Geral da Saúde (DGS), estando um deles integrado na Rede Europeia de Centros de Referência nesta área e na Rede Europeia de Ensaios Clínicos. Todos incluem os dados dos doentes num registo europeu que permite armazenar informação sobre a doença e comparar os resultados com outros países. Portugal dispõe de novas terapêuticas moduladoras aprovadas com um centro de transplante pulmonar com resultados equiparáveis a qualquer centro europeu com um número significativo de doentes com FQ transplantados.

O investimento no tratamento desta doença prossegue num horizonte muito promissor.

 

A Dra. Pilar Azevedo
Pneumologista do Centro de Referência em 

Fibrose Quística do Hospital de Santa Maria

 

Testemunho – Viver com Fibrose Quística

O meu nome é Beatriz, tenho 26 anos e tenho Fibrose Quística. 

Fui diagnosticada com 2 anos e meio, mas até isso acontecer foi muito complicado. Comecei muito cedo a ter muitos sintomas, fazia muitas infecções respiratórias, o que levou a que tivesse sucessivos internamentos hospitalares. Tenho uma insuficiência pancreática muito elevada, o que fez com que na altura não conseguisse ganhar peso como um bebé normal. Foi bastante complicado obter um diagnóstico pela doença ser rara.

Após o diagnóstico começaram os tratamentos e a medicação. A minha família teve de fazer toda uma adaptação e criar rotinas rigorosas para que nada falhasse. Para mim, isto sempre foi tudo muito normal, porque comecei cedo todas as terapêuticas e rotinas.

Tenho uma bactéria pulmonar muito resistente desde sempre e até aos 6 anos tive muitos internamentos com necessidade de antibiótico endovenoso. Depois disso, tive a sorte de não ter crises até aos 18 anos. No entanto, depois dessa altura foram surgindo alguns internamentos.

Com o início da pandemia, vi-me obrigada a isolar-me e fui forçada a deixar o meu emprego. Com o aparecimento do Kaftrio as coisas voltaram a mudar. Melhorei muito a parte respiratória, mas ganhei muito peso e passei a ter depressão, o que fez com que o meu dia a dia se tornasse ainda mais difícil. Sempre fui uma pessoa positiva, portanto, não era de todo normal o que se estava a passar.

No meio da depressão consegui ir buscar forças para me reerguer de novo. Estar parada não era opção. Mudei a minha alimentação, perdi o peso necessário, comecei a trabalhar na área que gosto e tudo mudou. Sempre fiz uma vida normal, tentando cumprir tudo o que me era imposto pelos médicos para garantir a minha saúde. Apesar da doença, brinquei, estudei, trabalhei, viajei e continuo a fazê-lo.

Hoje em dia partilho na minha página como é viver com Fibrose Quística, para que outros doentes se inspirem e não se sintam sozinhos nesta luta.

Beatriz Carvalho

Get to Know the Alumni – António Leitão

Estou certo que o meu período na LisbonPH foi fundamental para que me tornasse a pessoa que sou hoje, tanto a nível profissional como a nível de relacionamento com os outros. Quando me juntei à nossa Júnior Empresa, em 2016, tanto eu como a LisbonPH éramos verdinhos, e foi, por isso, um prazer crescer com ela. Mais tarde, à distância, é ainda mais recompensante vê-la ganhar asas e voar bem além do que esperávamos no início.

Enquanto membro ligado às vendas, o meu grande objetivo era colocar o nome e a qualidade dos serviços da LisbonPH a circular pelo maior número de pessoas. Abracei projetos desafiantes e diversificados: edificámos conferências internacionais quase do zero sem saber muito bem se do modo certo ou errado; angariámos centenas de participantes para cursos e-Learning que, apesar de inovadores no mercado, eram divulgados através de estratégias de comunicação algo rudimentares; oferecemos serviços de consultoria sem termos ainda muita expertise palpável. Havia apenas muita vontade de fazer, acontecer e criar impacto positivo no nosso setor da Saúde. Desde então, a LisbonPH já ganhou maturidade e conseguiu estabelecer-se no mercado, mas aquela chama inicial mantém-se e deverá manter-se, pois enquanto estudantes da Faculdade de Farmácia iremos continuar a sentir que podemos retirar mais dos nossos anos de curso do que apenas o estudo.

Desde de que saí da LisbonPH, em 2018, que carrego comigo muita da experiência que vivi nesses anos. Moldaram-me de um estudante infantil para um jovem profissional, mesmo ainda antes de ter entrado no mercado de trabalho. Aos dias de hoje, já por duas vezes aceitei desafios profissionais fora de Portugal: a primeira vez como Trainee na UCB Pharma (Bruxelas) e na segunda como Support Pharmacist na Uniphar (Dublin), cargo que ocupo no presente. Gosto de dar crédito à cultura que se experiencia na LisbonPH, pois nunca teria saído da minha zona de conforto (por duas vezes!) se não tivesse tido esta experiência. Levo comigo também as inúmeras amizades que esta Júnior Empresa me deu. E, apesar de tudo o que enumerei, talvez as amizades feitas graças à LisbonPH, sejam o que mais valorizo.

– António Leitão, alumnus da LisbonPH

A Importância da Consulta na Farmácia

A profissão farmacêutica, como muitas outras, tem evoluído ao longo dos tempos.

Em Portugal, os farmacêuticos destacam a sua presença desde o século XV desenvolvendo, inicialmente, as suas funções na preparação oficinal de medicamentos (manipulados). Não obstante, a importância deste papel inicial das farmácias, acredito que o caminho evolutivo seguido, mais centrado no cidadão, terá sido lógico e fundamental para o contexto sociogeográfico em que as farmácias se inserem! Fez, então, todo o sentido a evolução da designação das Farmácias de Oficina para Farmácias Comunitárias.

Na minha experiência enquanto Farmacêutica Comunitária é, com agrado que tenho assistido, nestas últimas décadas, à contínua evolução dos serviços que podemos prestar. Podemos ainda evoluir mais. Evolução, esta, em benefício do cidadão e da sociedade!

Um exemplo concreto desse processo evolutivo poderá ser o desenvolvimento (e divulgação) da Consulta Farmacêutica. O exemplo europeu deste tipo de abordagem carece, ainda, de reconhecimento e desenvolvimento. O Canadá, por sua vez, tem sido pioneiro na valorização do farmacêutico!

Em Portugal, já existem modelos de Acompanhamento Farmacêutico, mas, na minha opinião, imperam (ainda) certos tabus/receios relacionados com a intervenção de outros profissionais em áreas que, outrora, eram de exclusiva intervenção médica.

São vários os trabalhos já publicados acerca de uma atuação conjunta das diferentes áreas de intervenção na Saúde. O utente é uma peça central onde todas as profissões de saúde encaixam e se complementam.

O farmacêutico é altamente competente em farmacoterapia e, atualmente, com a possibilidade de especialização em farmácia comunitária consegue aprofundar as suas hard e soft skills interventivas na comunidade.

A quantidade de serviços possíveis de disponibilizar nas farmácias comunitárias é bastante preponderante, nomeadamente a determinação de parâmetros bioquímicos, como hemoglobina glicada e o perfil lipídico, e testes rápidos de despiste infecioso, como teste para o Streptococcus A e teste de despiste de infeção urinária. Assim como, exames da área de cardiologia, citando por exemplo o Mapa 24/48h.

Falta, a meu ver, a capacidade política e decisora para integrar, realmente, o farmacêutico comunitário na rede de Cuidados de Saúde, reconhecendo, valorizando e comparticipando a Consulta Farmacêutica!

É, sobejamente, reconhecida a elevada acessibilidade geográfica, das farmácias, por todo o território nacional. Diria mais, em certos locais, são a única estrutura de saúde disponível capaz de prestar cuidados de proximidade.

O cidadão encontra-se, muitas vezes, perdido dentro do Sistema de Saúde. Atravessamos um momento com escassos recursos disponíveis.

Sem sair dos critérios éticos e legais definidos para a profissão, o farmacêutico comunitário poderá ter o seu papel valorizado na rede de Cuidados de Saúde, intervindo com a sua consulta numa abordagem de problemas de saúde minor ou fazendo, também uma avaliação que leve ao encaminhamento para outra instância major, mas com a vantagem de, neste caso, o utente já levar consigo informação validada e pertinente para avaliação médica e posterior diagnóstico!

Por tudo isto, concluo que a Consulta Farmacêutica pode (e deve) ser mais uma solução a apresentar aos cidadãos.

 

Sónia Nóbrega

Farmacêutica, especialista em Farmácia Comunitária

 

How is Technology Reshaping Healthcare?

In these days, to say that healthcare is on an accelerated path of transformation has become a cliché. We know all too well the many pressures we face, which likely have an impact on health.

Just to name a few, these include:

  • Pollution, climate changes and extreme phenomena;
  • Regional conflicts challenging world order and multilateralism;
  • Access and cost of energy and raw materials;
  • Disruption of production and distribution chains;
  • Inflation and sovereign debt pressuring public budgets;
  • Lasting effects of COVID-19 and risk of future pandemics;
  • Economic, political and climate migrations;
  • Aging population (chronic diseases) and workforce (availability, deployment);
  • Disparities in development and access to care.

On a positive note, there is also generalized consensus that technology will offer solutions to mitigate these effects, namely by offering:

  • Novel treatments (omics), materials (3D printing, nano) and devices addressing underserved needs and patients. Innovation is becoming more precise, as new analytics, real word data, companion diagnostics, monitoring devices and outcome predictors become widely available.
  • Data storage capacity and communications speed, latency and availability are no longer an issue in most parts of the world.
  • Processing power reaching unprecedented capacities: processing power continues to double every two years (Moore’s law), while new, cheap, small-scale processors are now performing dedicated AI’s tasks. Quantum computing allows unprecedented complex solving capabilities impossible to do with conventional computing.
  • Digitization is approaching its tipping point. Standards are becoming widespread; interfaces and data sharing concerns are being addressed. The key is interoperability – “the ability of different information systems, devices and applications to access, exchange, integrate and use data in a coordinated manner, within and across organizational, regional and national boundaries, offering portability in order to optimize the health of individuals and populations globally”. The end goal is to enable data to be shared by researchers, clinicians, and health care providers (HCPs), but also, aggregated, by health authorities, policymakers and managers.
  • Deployment of AI in all fields of care: from R&D, to HCP-patient interaction, digitization of procedures (text plus speech recognition and summarizing) for inclusion in electronic health records, improvement of imaging and diagnostics, summarizing evidence for clinical decision support, patient monitoring, and the list just goes on and on.

I contend we are reaching a point where the above-mentioned innovations, now smilingly distant and far apart, will become mature and synergistic to trigger sudden changes.

Just in the small “micro-cosmos” of medicines, just take a look at some trends:

  • Health data is growing exponentially. About 30% of all data generated today is health-related, growing 36% per year, more than any other industry.  Annually, each individual generates about 80MB in health data.
  • Data sharing protocols are being developed to ensure information can circulate between health systems safely and with quality. The European Health Data Space (EHDS) offers a reference framework for the primary and secondary use of health data. And one of the very first areas for data sharing will be related with medicines’ safety and effectiveness.
  • Health data will be used for the submission, approval, funding, guiding the use, and continuous assessment of medicines in specific patient populations and medical conditions. New initiatives (DARWIN, RWE Alliance) and regulatory frameworks from EU and US (21st century cures ACT) will accelerate use of real-world evidence (RWE) to supplement information considered for regulatory purposes (recently, a new indication for a CDK inhibitor in combination with hormone therapy was approved for male breast cancer using evidence generated by electronic health records).
  • Health Technology Assessment (HTA) reached the top of EU priorities and international collaboration, with EUnetHTA “joint actions” developing into a permanent assessment framework. Although doubts remain about the binding power of European Relative Effectiveness Assessments (REA), the European Council gave positive opinion to legislation aligning national HTA procedures. And common approaches to value assessment will trigger common evidence requirements at local level.
  • Technology and data are allowing new models, complimentary to “traditional” cost-effectiveness studies, to modulate, operationalize and measure, in real life conditions, the additional aspects of value that society and different stakeholders are willing to attribute them, such as type of disease, rarity, severity, outcome type (palliative/curative), budget impact and phasing.
  • AI-enabled decision support systems are starting to appear in multiple healthcare applications and will become ever present in clinical decisions, including diagnostics and therapeutic recommendations. To be effective and trustworthy, AI will be balanced and cross-checked with sound clinical judgment.

But many people think that the pace of transformation will continue to be slow and gradual.  

The missing link slowing it all? The human element: the culture, the learning, the leadership, his ethical concerns and need for regulation. From patients, to HCPs, to teachers, managers, regulators, policymakers and politicians.

Mind me, this discussion needs, desperately, to happen. Sooner than later. Fear and very legitimate concerns need to be addressed. Learning needs to happen. Teaching and learning curricula (HCPs, IT, management) need to change, disciplines created as well as ways of assessing new learnings and acquired competencies. 

I see a time, not very far away, where we have put in place the tools, structures, and competencies to become much more effective in promoting health, preventing disease, managing care, improving patient experience, managing costs and obtaining the best possible outcomes.

For patient’s sake. For us all.

Luís Rocha