Vacinação Gripe e COVID-19 na Farmácia
Em Portugal, as Farmácias interagem, diariamente, com 560 mil pessoas, o que representa mais de 5% da população do país. Esta proximidade com as comunidades torna as Farmácias locais de eleição não apenas para o seu reconhecido e tradicional papel na acessibilidade ao medicamento e otimização da sua efetividade e segurança, mas também para a prestação de outros cuidados de Saúde.
Devido à capilaridade da rede e à competência para a administração de vacinas por parte dos Farmacêuticos Comunitários, as Autoridades de Saúde portuguesas decidiram incluir as Farmácias na campanha de vacinação sazonal de 2023/24 contra a gripe e a COVID-19, em complementaridade com os centros de Saúde do SNS. Essa decisão foi apoiada pelos bons resultados de projetos anteriores, como a testagem contra a COVID-19, e pela experiência de vários anos das Farmácias na vacinação da população. Num cenário de hesitação vacinal, era fundamental derrubar barreiras de acesso para garantir que Portugal mantivesse uma cobertura vacinal adequada.
A Associação Nacional das Farmácias avaliou o impacto da inclusão da rede de Farmácias na Campanha de Vacinação de 2023/2024. Os dados revelaram que as Farmácias administraram 70% das vacinas na época sazonal, contribuindo para uma cobertura vacinal de 72,1% contra a gripe em pessoas com mais de 65 anos e de 60,8% contra a COVID-19. Embora esta última taxa seja inferior aos 75,8% de 2022/23, é ainda muito superior (cinco vezes!) à média europeia, que se cifrou em 12%. Esse desempenho foi possível porque, com a participação das Farmácias, os pontos de vacinação aumentaram 400%, reduzindo a distância média até os locais de vacinação para metade. Essa conveniência também resultou em menos deslocações de carro e maior disponibilidade de horários, tendo gerado um potencial de poupança de 2,4 milhões de euros para os utentes.
A inclusão das Farmácias no processo vacinal também trouxe benefícios diretos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Uma vez que os Farmacêuticos Comunitários também participaram no esforço vacinal, os profissionais do SNS tiveram cerca de 310 000 horas de trabalho que puderam dedicar a outros atos nos cuidados de Saúde primários.
Os bons resultados e a elevada satisfação da população com esta iniciativa garantiram a sua continuidade para a campanha vacinal 2024/25. Este ano, já se vacinaram mais de 1 milhão e 800 mil pessoas. Estamos todos de parabéns por este esforço extraordinário.
Considero este esforço conjunto do Governo e todas as entidades do SNS com as Farmácias um exemplo de colaboração na implementação de políticas públicas de Saúde.
Além disso, essa experiência demonstra o potencial das Farmácias para disponibilizar outros serviços de Saúde. Seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde e da OCDE, que valorizam a capilaridade e a qualificação da rede farmacêutica, esta estratégia pode ser ampliada para beneficiar ainda mais a Saúde Pública.
Ema Paulino
Presidente da Associação Nacional das Farmácias