Influência dos Nanoplásticos na Saúde

“Nanoplástico” é um termo genérico atribuído a partículas de diâmetro menor que 100 nanómetros e que, quimicamente, são maioritariamente compostas por um polímero dito plástico como poliestireno (PS), polietileno (PE), polipropileno (PP), entre vários outros.

Do ponto de vista toxicológico, ainda há muito a desvendar acerca dos seus efeitos. A investigação desenvolvida à data, incluindo no laboratório de Toxicologia da FFUL, tem apontado no sentido dos nanoplásticos poderem penetrar células e tecidos, ativando vias de sinalização associadas a uma resposta pró-inflamatória, nomeadamente o eixo TLR4/NF-kB e MPAK p38 [1]. De assinalar, contudo, que muita da investigação laboratorial publicada tem utilizado como modelo partículas comerciais de PS e que nanoplásticos de outros polímeros poderão ter outro tipo de efeitos. 

Para além disso, há que ter em conta que no ambiente as nanopartículas de plástico, em resultado da sua elevada razão área de superfície/volume, interagem fortemente com outros contaminantes, adsorvendo-os na sua superfície, o que pode alterar a sua biodisponibilidade e propriedades toxicológicas [2]. Uma outra camada de complexidade no estudo da toxicologia dos nanoplásticos relaciona-se com o facto de, para além da composição polimérica referida acima, os plásticos terem na sua constituição vários aditivos que têm propriedades toxicológicas distintas. Um exemplo é o bisfenol A (BPA), um conhecido disruptor endócrino [3]. Importa, por isso, perceber também de que forma é que a libertação destes aditivos dos nanoplásticos pode impactar a Saúde humana

Para além desta caracterização dos perigos toxicológicos inerentes aos nanoplásticos, é fundamental saber-se o nível de exposição da população humana para estimarmos o Índice Risco. Embora se tenham feito alguns progressos do ponto de vista analítico recorrendo a metodologias avançadas como espectroscopia Raman [4] ou Pirólise-GC-ToF-MS [5], a comunidade científica ainda não dispõe de métodos validados que permitam avaliar rotineiramente quais os níveis de nanoplásticos – dos mais variados tamanhos e composição química – em diferentes matrizes como águas de consumo e alimentos. 

Este é, na minha opinião, o maior desafio que na atualidade se coloca à investigação sobre nanoplásticos e aquele que determinará a direção de investigação futura, nomeadamente no que respeita à Avaliação do Risco toxicológico destes materiais.

 

Prof. Doutor Vasco Branco

Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa



“BURNOUT” – Uma nova forma de ver, viver e gerir as “doenças”…

O tema desta reflexão é o “burnout”, que foi recentemente anunciado como uma nova doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, mais recentemente ainda, anunciado como uma síndrome (que não é uma doença), pela mesma organização.

Um estudo publicado em 2017, encomendado pela Ordem dos Médicos a uma equipa de investigadores da Universidade de Lisboa, reportou resultados alarmantes: 66% dos médicos que participaram no estudo manifestam um nível elevado de “exaustão emocional”. Este estudo da era pré-COVID-19 (como seriam os resultados hoje?) foi amplamente discutido na comunicação social. A “exaustão emocional” é uma das principais dimensões da síndrome de burnout.

O título do estudo era o “Burnout na Classe Médica em Portugal”. O debate que provocou na comunicação social deu um importante contributo para familiarizar a opinião pública com este anglicismo, já amplamente adotado na língua portuguesa corrente. A palavra “burnout” é hoje utilizada por todos para designar alguém que está deprimido ou, mais popularmente, que está “esgotado” ou, mais genericamente, que apresenta comportamentos estranhos. Diz-se que essa pessoa está em burnout

A Classificação Internacional das Doenças, na sua versão mais recente (CID-11, 2019), classifica o “burnout” como uma síndrome que resulta de stress profissional crónico que não foi bem gerido. É caracterizado por três dimensões:

  1. Sentimentos de falta de energia ou de exaustão emocional;
  2. Desinvestimento mental e emocional na esfera profissional e sentimentos negativos ou cinismo relacionados com o trabalho;
  3. Diminuição da realização profissional.

As dúvidas relativamente ao burnout ser classificado como uma doença convivem com a certeza de que o burnout é uma das principais causas de depressão, a doença que se destaca como primeira causa de incapacidade na Europa. O burnout é a causa de muitos outros problemas de Saúde, de redução do rendimento profissional, e de insatisfação com o trabalho e a vida.

Como se previne e como se trata esta “síndrome”, que não é doença, mas é causa de doenças e de incapacidade? Considerando a definição já apresentada, prevenir e tratar o burnout consiste em “gerir” melhor o stress profissional crónico.

A OMS não exclui os médicos e o sistema de Saúde do tratamento (da gestão) do burnout. Mas fica também claro a partir da sua definição que gerir o burnout de modo a prevenir e a tratar esta “condição” não depende só dos médicos – nem os médicos têm o papel principal nesta tarefa. Gerir o burnout é uma tarefa de todos. 

“Gerir”, no caso do burnout, aplica-se a cada um de nós que deve empenhar-se ativamente na gestão da sua vida profissional. “Gerir” aplica-se às organizações onde trabalhamos e aos seus dirigentes, que devem ser formados para gerir melhor o trabalho e as pessoas. “Gerir” é também uma tarefa dos influenciadores e ativistas sociais, que devem disseminar esta nova conceção de Saúde e de doença. Por fim, esta tarefa é dos políticos, que devem governar considerando estas mudanças na Saúde e nas doenças que pedem novas políticas de Saúde e de organização do trabalho.

 

Paulo Vitória

Psicólogo,

Professor na Universidade da Beira Interior

 

Conceição Nobre

Psicóloga, 

Diretora clínica da Ph+ Desenvolvimento de Potencial Humano.



Get to Know the Almuni – Beatriz Glória

🇵🇹

O Movimento Júnior é a principal plataforma de desenvolvimento complementar ao ensino académico. Aqui é possível criar valor para a sociedade e para o tecido empresarial, através do empreendedorismo de jovens universitários, permitindo torná-los líderes do futuro mais completos e diferenciados.

Em 2021, motivada pelo empreendedorismo, dinamismo e inovação que, para mim, representa este movimento, integrei o Departamento Comercial e Vendas da LisbonPH. Na altura, estava longe de imaginar que nos próximos 3 anos, também eu faria parte deste grupo de estudantes universitários que diariamente contribui para um impacto positivo no setor da Saúde.

A vertente internacional do Movimento Júnior sempre me suscitou interesse e foi por isso que, no ano seguinte, integrei a Junior Entreprises Europe como Partnerships and Public Affairs Manager e mais tarde me tornei External International Manager da LisbonPH. Aqui contactei com colegas de vários países e Júnior Empresas, com áreas de negócio diversas, mas com um ponto comum: crescer, crescer, crescer.

No início de 2023, fui eleita Diretora do Departamento Comercial e Vendas, função que desempenhei durante um ano, e onde aprendi que o mais importante de qualquer negócio são sempre as pessoas. Esta aprendizagem reflete o grande marco que foi a minha passagem pela LisbonPH, não só enquanto membro, mas também enquanto Conselho de Administração. No fim do dia o que fica são as amizades criadas, o companheirismo diário, o trabalho em equipa e as conquistas que juntos alcançamos.

De todos os eventos, reuniões externas tidas, projetos angariados e parcerias estabelecidas aquilo que recordo desta jornada verdadeiramente enriquecedora foram as pessoas com as quais a partilhei.

Desde que finalizei o MICF em julho de 2024 que trabalho na AbbVie, enquanto Sales Representative na área das Neurociências, onde integro mais uma vez uma equipa dinâmica, repleta de pessoas extraordinárias que trabalham todos os dias para criar um impacto positivo na vida de doentes em todo o mundo, tornando possibilidades realidade.

 

🇬🇧

The Junior Movement is the main platform for complementary development alongside academic education. It provides an opportunity to create value for society and the business sector through the entrepreneurship of university students, helping them become more well-rounded and distinctive leaders of the future.

In 2021, driven by the entrepreneurship, dynamism, and innovation that this movement represents to me, I joined the Commercial and Sales Department of LisbonPH. At the time, I had no idea that over the next three years I would become part of this group of university students who contribute daily to making a positive impact in the healthcare sector.

The international dimension of the Junior Movement has always fascinated me, which is why, in the following year, I joined Junior Enterprises Europe as Partnerships and Public Affairs Manager and later became External International Manager of LisbonPH. In this role, I connected with peers from different countries and Junior Enterprises from various business areas, all sharing a common goal: to grow, grow, grow.

At the beginning of 2023, I was elected Director of the Commercial and Sales Department, a position I held for one year. It was in this role that I learned the most important lesson in any business: people always come first. This insight reflects the significant milestone that my time at LisbonPH represented, not only as a member, but also as part of the Board of Directors. At the end of the day, what remains are the friendships built, the daily camaraderie, the teamwork, and the shared achievements. Among all the events, external meetings, projects acquired, and partnerships established, what I cherish most from this truly enriching journey are the people with whom I shared it.

Since completing the MICF in July 2024, I have been working at AbbVie as a Sales Representative in the Neuroscience area, once again joining a dynamic team filled with extraordinary people who work every day to create a positive impact in the lives of patients around the world, turning possibilities into reality.


R-nuucell – Rumo a uma nova era para a quimioterapia do cancro

Apesar dos avanços já alcançados no tratamento do cancro, os cancros metastáticos continuam a ser os grandes “protagonistas do mal” pelo seu elevado número de mortes.

O que são então cancros metastáticos?

São tumores malignos caracterizados pela disseminação precoce de células cancerosas que, viajando através da corrente sanguínea e dos vasos linfáticos, podem chegar a vários locais do corpo humano onde vão “semear” o cancro. Assim, os novos tumores, que se denominam metástases, podem encontrar-se espalhados pelo fígado, pulmão, cérebro, ossos, etc. É esta disseminação precoce das metástases que aciona inexoravelmente a contagem do relógio…

Os cancros metastáticos são responsáveis pela maioria das mortes por cancro segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O grande problema a resolver é a inexistência de medicamentos adequados e eficazes para tratamento dos cancros metastáticos, que são considerados uma “necessidade médica não atendida”.  Assim, a solução que tem sido encontrada passa por estender o tempo de vida dos pacientes utilizando combinações de medicamentos eficazes para outros tipos de cancro que permitam desacelerar a progressão da doença. Contudo, esta solução acarreta todas as consequências de uma quimioterapia não adequada e a perda de qualidade de vida dos pacientes. Nos casos mais avançados da doença o único recurso é o uso de paliativos para o alívio dos sintomas.

Neste contexto, a urgência em encontrar uma solução para o tratamento eficaz dos cancros metastáticos é por demais óbvia.

A longa investigação científica do Grupo de Química BioInorgânica e BioOrganometálica (Faculdade de Ciências, ULisboa) na área da síntese de novas moléculas com potencial interesse societal levou à descoberta de novos compostos que, pelas suas potencialidades como medicamentos antimetastáticos, catapultou a criação da empresa de investigação científica R-nuucell.

A R-nuucell, fundada em 2021 pelas investigadoras Helena Garcia e Andreia Valente, é uma spin-off de biotecnologia que visa a descoberta e desenvolvimento de medicamentos inovadores e pioneiros para a quimioterapia de cancros metastáticos, com ênfase nos cancros da mama triplo negativo, pulmão e colorretal, responsáveis por cerca de 50% de todas as mortes por cancro. 

O âmago da R-nuucell está no design estratégico de novas moléculas para a terapia dirigida do cancro que já demonstraram ser efetivas onde os medicamentos tradicionais falham. 

Estes potenciais medicamentos, baseados num átomo central de ruténio que os coloca na família dos metalofármacos, como a cisplatina (medicamento em clínica para quimioterapia), respondem aos três grandes desafios em que falham os tratamentos em uso clínico, nomeadamente: i) têm alvos específicos e clinicamente validados na célula cancerosa – a base da quimioterapia dirigida; ii) têm potencial antimetastático – inibem certos processos de metastização e reduzem o número de metástases;  iii) são capazes de ultrapassar vários mecanismos de resistência aos fármacos – inibem, por exemplo, o funcionamento das proteínas de efluxo que expulsam os fármacos das células cancerosas.

No contexto dos resultados já obtidos e validados por provas de conceito in vivo podemos perspetivar para a R-nuucell um futuro de esperança no tratamento de uma doença que constitui a segunda causa de morte a nível mundial.

 

Doutora Maria Helena Garcia

Co-founder & CTO at “R-nuucell”



“Dores Sem Idade: O Impacto do Reumatismo nos Jovens”

O reumatismo é um termo genérico utilizado para descrever mais de 100 doenças, designadas como doenças reumáticas. As doenças reumáticas atingem não só as articulações, os ossos e os músculos, mas também podem envolver a pele, o coração, os pulmões, os rins, o sistema nervoso, o intestino, o sangue, entre outros. Algumas doenças, como a osteoartrose e a osteoporose, são mais frequentes na faixa etária mais avançada, mas as doenças reumáticas podem ocorrer em qualquer idade, e existem muitas doenças reumáticas que começam na idade jovem (por exemplo a artrite idiopática juvenil, o lúpus eritematoso sistémico e a espondilite anquilosante). 

A realização do diagnóstico de doença reumática sistémica tem sempre um impacto muito significativo na vida das pessoas, principalmente se se tratar de um jovem, em que o atraso no diagnóstico pode condicionar a instituição demorada da terapêutica adequada, levando a sequelas articulares e motoras. 

Na última década registaram-se grandes mudanças no tratamento dos jovens com doenças reumáticas, sobretudo com as terapêuticas biotecnológicas, sendo muito importante uma maior consciencialização da comunidade para estas doenças, uma vez que o empenho do doente (e da família/entidade empregadora, ao facilitar o acesso às consultas, ensinos terapêuticos, realização de repouso após técnicas de diagnóstico e terapêutica) é imprescindível para ter sucesso na estratégia terapêutica proposta.

Se o jovem com doença reumática for tratado atempada e adequadamente, por médicos especialistas em Reumatologia, a maioria poderá levar uma vida dentro da normalidade.  Nos casos em que ocorre um grande atraso na instituição de terapêutica podem ocorrer deformações e limitações irreversíveis. Os médicos de família, sendo o primeiro contacto das famílias com os Profissionais de Saúde, têm um papel fundamental no diagnóstico precoce destes doentes e na referenciação para um centro com consulta de Reumatologia. 

Doutora Ana Filipa Mourão

Médica Reumatologista da rede Hospital da Luz



Terah – a gestão da terapêutica à distância de um clique!

A aplicação Terah – My Therapeutics at Hand surgiu com o objetivo claro de trazer uma solução para toda a problemática associada ao mau uso do medicamento. Inicialmente, estruturámos o conceito de trazer uma solução focada na vertente da iliteracia do medicamento, permitindo ao doente aceder a informação clara e objetiva acerca do mesmo e tratada para ser reproduzida numa linguagem técnica, mas acessível.

Entretanto, o conceito foi evoluindo, sobretudo porque percebemos o impacto que poderíamos gerar em todo o ecossistema da Saúde, se fôssemos capazes de aplicar todo o conhecimento disponível acerca dos medicamentos, para proporcionar uma gestão profissional na mão do utente.

Em todo o processo de desenvolvimento e maturação do produto, tivemos sempre presente o nosso objetivo real – suprimir as implicações do mau uso do medicamento, que a OMS estima que sejam responsáveis por 10% dos internamentos hospitalares. Nesse sentido, percebemos que a aplicação teria de ser extremamente simples para podermos chegar a todas as faixas etárias, independentemente da sua literacia digital. É com este objetivo em mente que a Terah assenta a sua principal funcionalidade na leitura do código do medicamento, permitindo ao utilizador adicionar um medicamento apenas com o scan.

É exatamente devido a estas características singulares que a Terah surge como algo verdadeiramente disruptivo em todo o mundo. Para além da informação primária que esta gera após a leitura do código, também tem os alarmes predefinidos de acordo com a posologia recomendada e momentos ideais da toma. Além disso, prevê o término do medicamento de acordo com a posologia, possibilitando ao utente, inclusivamente, fazer o seu pedido diretamente para as Farmácias aderentes. 

No entanto, o que torna a Terah verdadeiramente especial é a capacidade de olhar para a medicação do utente como um todo, para, por exemplo, detetar interações medicamentosas ou duplicações, e orientar sobre o procedimento a tomar em cada situação em particular.

Todavia, sabemos que para sermos bem sucedidos naquilo que pretendemos alcançar, e solucionar este problema de saúde pública, teremos de aproximar os dois atores fundamentais no processo de cura – o utente e o Profissional de Saúde.

Assim, em breve, haverá a possibilidade de o Profissional de Saúde, através de um acesso concedido pelo utente, possuir não só uma visão integral do histórico terapêutico e ativo do utente, mas também poderá atuar diretamente e ajustar o esquema terapêutico e forma de tomar, para que o utente apenas se preocupe em tomar quando receber o alerta da toma, definido pelo seu Profissional de Saúde.

O futuro passará por, obviamente, continuar a proporcionar a melhor experiência possível aos nossos utilizadores, mas também passa por acrescentar novas funcionalidades que permitam atuar em outras áreas do medicamento, para otimizarmos o processo de gestão da medicação e minimizar as ocorrências negativas que surgem nos tratamentos.

O desafio passará por fazer todo este trajeto de crescimento que temos perspetivado em termos de produto, enquanto fazemos o crescimento enquanto empresa, para mercados internacionais.

 

João Mota, CEO da Terah



Hipotiroidismo: uma doença muito feminina

MARIA JOÃO MATOS

Endocrinologista

 

INTRODUÇÃO

O hipotiroidismo, uma síndrome que engloba um conjunto de sintomas e sinais resultantes do défice de hormonas tiroideias (T3 e T4) e das suas ações nos tecidos periféricos, é comum e frequentemente não diagnosticado. Um estudo que avaliou, em Portugal, a prevalência de disfunção tiroideia como objetivo secundário encontrou uma prevalência de 4,9%, com uma proporção elevada de casos por diagnosticar, à semelhança do que se verificou no resto da Europa.

O hipotiroidismo define-se como primário quando a causa é tiroideia, ou central (secundário ou terciário) quando a causa é, respetivamente, hipofisária ou hipotalâmica. O hipotiroidismo primário, responsável pela grande maioria de casos de hipotiroidismo, pode ser ainda definido como clínico, caracterizado laboratorialmente por valores baixos de hormonas tiroideias e elevação da hormona estimuladora da tiroide (TSH), ou subclínico, caracterizado por uma TSH acima dos valores de referência, com valores normais de T4 e T3.

De uma forma muito genérica, o hipotiroidismo traduz-se numa lentificação do metabolismo, caracterizando-se por sintomas muitas vezes inespecíficos e insidiosos  (como fadiga, aumento ponderal, intolerância ao frio, obstipação, queda de cabelo, unhas quebradiças, humor deprimido) e de magnitude muito variável (desde a ausência de sintomas, sobretudo em indivíduos com hipotiroidismo subclínico, até ao muito raro coma mixedematoso).

  

SEXO FEMININO COMO FATOR DE RISCO PARA HIPOTIROIDISMO

O hipotiroidismo é 8 vezes mais frequente na mulher do que no homem, e a sua prevalência aumenta com a idade. Um dos motivos pelos quais o sexo feminino é mais afetado pela doença prende-se com o facto de a mulher ter um risco acrescido de doenças autoimunes, e de a autoimunidade (tiroidite autoimune ou de Hashimoto) ser a causa mais frequente de hipotiroidismo em regiões com suficiência em iodo.

Outra razão apontada para a maior prevalência de hipotiroidismo na mulher é a interação entre as hormonas tiroideias e as hormonas sexuais, o que pode explicar o facto de a doença ser particularmente comum na mulher na peri e pós-menopausa.

 

IMPACTO DO HIPOTIROIDISMO NA MULHER

HIPOTIROIDISMO E APARELHO REPRODUTOR FEMININO

Além de ser muito mais frequente na mulher, o hipotiroidismo não tratado ou inadequadamente tratado tem impacto sobre o seu sistema reprodutor, podendo relacionar-se com alteração na idade da menarca, irregularidades menstruais, anovulação, amenorreia, galactorreia, hirsutismo  e subfertilidade ou infertilidade.

 

HIPOTIROIDISMO E GRAVIDEZ

O desenvolvimento embrionário depende inteiramente das hormonas tiroideias maternas durante fases críticas do desenvolvimento cerebral (geralmente antes das 16-20 semanas de gestação). O hipotiroidismo não tratado na gravidez associa-se a risco aumentado de abortamento, parto prematuro, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, baixo peso ao nascimento, morte fetal e alterações neuropsicológicas e cognitivas na descendência. O rastreio universal do hipotiroidismo na mulher grávida é um tema controverso, sendo efetuado apenas em alguns países. Noutros,  o rastreio é feito na presença de sintomas ou sinais de doença tiroideia, ou nas grávidas com fatores de risco para o desenvolvimento de hipotiroidismo (nomeadamente com idade ≥ a 30 anos, história familiar de hipotiroidismo ou de doença tiroideia autoimune, presença de doenças autoimunes como diabetes mellitus tipo 1, índice de massa corporal ≥ a 40 kg/m2 ou residência em área de insuficiência moderada a grave em iodo) ou história prévia conhecida de doença tiroideia.

 

HIPOTIROIDISMO E MENOPAUSA

O diagnóstico de hipotiroidismo é frequente na perimenopausa.  Muitos sintomas, incluindo irregularidades menstruais, alterações do humor, depressão, aumento ponderal, dor e fraqueza muscular e diminuição da líbido, são comuns à perimenopausa e ao hipotiroidismo. Esta sobreposição de sintomas leva a desafios e atrasos no diagnóstico. O hipotiroidismo pode, por outro lado, associar-se ao agravamento dos efeitos cardiometabólicos ligados às alterações hormonais da menopausa e/ou ao envelhecimento, nomeadamente à dislipidemia. Não há, contudo, estudos que clarifiquem se a menopausa tem um efeito direto na tiróide independente da idade.

 

CONCLUSÕES

O hipotiroidismo, além de ser muito mais prevalente na mulher, tem um particular impacto sobre a sua saúde reprodutiva. Os sintomas e sinais do hipotiroidismo são muitas vezes inespecíficos e insidiosos, podendo confundir-se com outros frequentemente presentes em fases do ciclo de vida da mulher, como a gravidez e a menopausa. Este reconhecimento é importante para que possam ser efetuados um diagnóstico e tratamento adequados.



Get to Know the Alumni – Júnior Sousa

PT

Hoje trazemos-lhe mais um “Get to Know the Alumni”, desta vez com Júnior Sousa.

Integrou a LisbonPH como membro do Departamento de Marketing e, posteriormente, como Diretor do mesmo. Atualmente é Medical Marketing Assistant na L’Oréal.

“Se no início da experiência tive receio de não ser bom o suficiente, hoje consigo dizer que foi a melhor experiência que poderia ter tido no ensino superior. Foi um lugar onde acertei algumas vezes, mas, acima de tudo tive espaço para errar e aprender. Na realidade errei muitas vezes… E ainda bem que assim foi!“.

Leia o seu testemunho completo no nosso blogue, através do link na bio.

 

EN

Today, we present you another “Get to Know the Alumni”, this time featuring Júnior Sousa. 

He joined LisbonPH as a member of the Marketing Department and later became Head of this Department. Currently, he is Medical Marketing Assistant at L’Oréal.

“If at the beginning of this experience I was afraid of not being good enough, today I can say that it was the best experience I could have had in higher education. It was a place where I got it right a few times, but above all, I had the space to make mistakes and learn. In reality, I made many mistakes… And I’m so glad I did!”

Read his full testimony in our blog through the link in our bio.

 

Blogpost:

PT

Olá a todos, com grande alegria escrevo este testemunho a todos os que fizeram, fazem e farão parte desta grande casa que é a LisbonPH!

 

O meu nome é Júnior Sousa, tenho 23 anos e sou atualmente Medical Marketing Assistant das marcas CeraVe e Vichy na L’Oréal. Em julho de 2024 terminei o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL) e também um percurso, de mais de 3 anos, de memórias inesquecíveis naquilo que foi a maior escola para a vida que poderia ter tido no ensino superior (não só a nível profissional, como também pessoal) – o Movimento Júnior

 

Considero que o meu percurso na LisbonPH teve início de forma não oficial, em setembro de 2020, quando me candidatei, pela primeira vez, ao processo de recrutamento, fui até à fase final e não fiquei. Tendo sido o meu primeiro “NÃO”, foi algo um pouco difícil de digerir na altura, confesso, no entanto com isto surgiu a minha primeira grande aprendizagem: nunca desistir ao primeiro entrave e tentar sempre tirar o melhor, mesmo nas piores situações. E agora, passados 4 anos desde que entrei, digo-vos: ainda bem que não desisti! Olhando para trás, não ter tido esta experiência teria roubado de mim as maiores aprendizagens que levei do ensino superior.

 

Depois deste primeiro entrave, não baixei os braços e voltei a tentar. O meu percurso na LisbonPH começou oficialmente no dia 13 de março de 2021, no Departamento de Marketing e apesar de estar muito feliz, confesso que tinha muitos receios e inseguranças: Será que sou/vou ser bom o suficiente? Será que vou conseguir conciliar a Júnior Empresa com a faculdade e todas as festas? (caso também tenham estas questões, nada temam, com força de vontade e organização, tudo é possível!). Mesmo tendo estas dúvidas na minha mente, decidi abraçar o desafio, apesar de nem sempre ter sido fácil. Ao longo de cada reunião, tarefa e projeto senti que fui aprendendo e desenvolvendo, não só as minhas competências, como também a minha confiança para encarar desafios e sair da minha zona de conforto. Com isto retirei aquilo que considero ter sido uma das principais aprendizagens que levo comigo neste meu início de carreira profissional: muitas das vezes, são os desafios fora da nossa zona de conforto aqueles que mais nos fazem crescer e conhecermo-nos melhor a nós próprios.

 

Atualmente, já no mercado de trabalho, olho para trás e orgulho-me imenso de tudo aquilo que a LisbonPH construiu. Quando recordo a LisbonPH e o Movimento Júnior, penso em todas as aprendizagens que tive nos projetos, uns incríveis, outros nem tanto (mas assim como no mundo real, nem sempre vamos gostar de todos os projetos), penso nas memórias que fiz, quer em eventos do Movimento Júnior, quer nas reuniões, mesmo em Off-sites… mas acima de tudo penso nas pessoas que se cruzaram comigo e com as quais aprendi muito, e com 100% de certeza afirmo que valeu tudo a pena

 

Se no início da experiência tive receio de não ser bom o suficiente, hoje consigo dizer que foi a melhor experiência que poderia ter tido no ensino superior. Foi um lugar onde acertei algumas vezes, mas, acima de tudo tive espaço para errar e aprender. Na realidade errei muitas vezes… E ainda bem que assim foi! Tenho a certeza que hoje em dia, erro menos graças a tudo o que vivi e aprendi nesta grande casa.

 

Obrigado LisbonPH, e a todos os que fizeram, fazem, farão parte desta grande experiência! 💙

 

EN

Hello everyone,

It is with great joy that I write this testimonial for all those who have been, are, or will be part of this great home that is LisbonPH!

My name is Júnior Sousa, I am 23 years old, and I am currently a Medical Marketing Assistant for the brands CeraVe and Vichy at L’Oréal. In July 2024, I completed my Integrated Master’s Degree in Pharmaceutical Sciences at FFUL, along with a journey of over three unforgettable years in what was the greatest school for life that I could have had during higher education (not only on a professional level but also on a personal one) — the Junior Movement.

I consider that my journey at LisbonPH started unofficially in September 2020, when I applied for the first time to the recruitment process, reached the final stage, and was not selected. Since this was my first “NO”, it was a bit difficult to digest at the time, I must admit. However, from this experience came my first major learning: never give up at the first obstacle and always try to take the best from even the worst situations. And now, four years after joining, I can tell you: I’m so glad I didn’t give up! Looking back, missing out on this experience would have deprived me of the greatest lessons I took from university.

After this first setback, I didn’t give up and tried again. My journey at LisbonPH officially began on March 13th, 2021, in the Marketing Department. Even though I was very happy, I must admit that I had many fears and insecurities: Will I be good enough? Will I be able to balance the Junior Enterprise with university and all the parties? (If you also have these questions, don’t be afraid (with determination and organization, everything is possible!). Even with these doubts in my mind, I decided to embrace the challenge, even though it was not always easy. With every meeting, task, and project, I felt that I was learning and developing — not only my skills but also my confidence to face challenges and step out of my comfort zone. From this, I took what I consider to be one of the most valuable lessons for the start of my professional career: many times, it is the challenges outside our comfort zone that make us grow the most and get to know ourselves better.

Now, already in the job market, I look back with immense pride at everything that LisbonPH has built. When I think of LisbonPH and the Junior Movement, I recall all the lessons I learned from the projects — some amazing, others not so much (but just like in the real world, we won’t always enjoy every project). I think of the memories I made, whether at Junior Movement events, in meetings, or even at Off-sites… But above all, I think of the people I met along the way, from whom I learned so much. And I can say with 100% certainty that IT WAS ALL WORTH IT.

At the beginning of this experience, I was afraid of not being good enough, but today, I can say that it was the BEST experience I could have had in higher education. It was a place where I got things RIGHT a few times, but most importantly, I had the space to make mistakes and learn. In reality, I made MANY mistakes… And I’m so glad I did! I am sure that today, I make fewer mistakes thanks to everything I lived and learned in this great home.

Thank you, LisbonPH, and to all those who have been, are, or will be part of this incredible experience! 💙

O Impacto do Empreendedorismo Jovem

O Empreendedorismo é muito mais do que Inovação. É coragem, paixão e uma vontade de transformar ideias em realidade, características que definem os jovens empreendedores da atualidade.

O conceito de empreendedorismo surgiu, pela primeira vez, em 1755, tendo sido introduzido pelo economista irlandês Richard Cantillon. O autor diferenciou os trabalhadores assalariados com rendimentos fixos dos trabalhadores assalariados sem rendimentos fixos, colocando os empreendedores neste segundo grupo, ressaltando assim a natureza aventureira e arriscada inerente às suas atividades. No século XX, o economista Joseph Schumpeter, veio introduzir um conceito mais realista, designando o empreendedorismo como uma força motriz de inovação, capaz de revolucionar as estruturas económicas.

Com o tempo, o conceito de empreendedorismo evoluiu e, hoje, os jovens têm-se destacado como os protagonistas desta transformação.

O relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM), correspondente aos anos 2023-2024, destaca a evolução e o crescimento significativo do empreendedorismo jovem no mundo. Há uma tendência crescente entre os jovens de criar negócios com impacto ambiental e social positivo, frequentemente utilizando tecnologias emergentes para resolver problemas globais.

As verdadeiras motivações para empreender entre os jovens focam-se, primeiramente, na sua paixão pela inovação, sendo o empreendedorismo a oportunidade perfeita para transformar ideias em realidade. O impacto social também é, cada vez mais, um dos principais motores do empreendedorismo, nomeadamente a motivação de poder fazer a diferença em questões sociais e ambientais.

Em Portugal, um dos verdadeiros simbolismos do empreendedorismo jovem reflete-se através do Movimento Júnior, o movimento que apoia e promove a criação e o crescimento de Júnior Empresas e que conta já com 25 Júnior Empresas e mais de 1250 Júnior Empresários.

Estas associações sem fins lucrativos são criadas e geridas unicamente por estudantes universitários, motivados em complementar o seu percurso académico através de uma experiência mais prática e semelhante ao mercado de trabalho.

A cultura organizacional de uma Júnior Empresa assemelha-se em muito à realidade do mercado de trabalho, possibilitando aos membros a realização de tarefas como construção de planos estratégicos, realização de estudos de mercado, planos de marketing e financeiros e até processos de internacionalização. Adicionalmente, a preocupação pela Responsabilidade Social Corporativa e pela Sustentabilidade são pilares cada vez mais presentes nas preocupações dos jovens empresários.

Na LisbonPH, Júnior Empresa da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, a nossa missão foca-se no desenvolvimento de projetos para o Profissional de Saúde do futuro, empreendedor, criativo e multidisciplinar. Este trabalho diário realizado por todos os membros permite o desenvolvimento de competências muito úteis na entrada para o mercado de trabalho. Através do mote de “learning by doing”, a LisbonPH é uma escola que dá aos seus membros espaço para serem diferentes, inovadores, sonhadores, ambiciosos e resilientes.

O Empreendedorismo jovem não é apenas o futuro, é o presente! E em associações como a LisbonPH, o caminho está aberto a todos aqueles que, connosco, desejem aprender, inovar, criar impacto e fazer a diferença. 

 

Marta Bolaños

18 de novembro de 2024

Get to Know the Alumni – Afonso Carvalho

PT

A LisbonPH destaca-se como a melhor plataforma complementar de lançamento que os estudantes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade de Lisboa têm para poderem contactar desde cedo com o mercado de trabalho e com projetos realmente inovadores.” Uma frase que é dita por todos os que por lá passam e que, atualmente, posso afirmar que é efetivamente verdade.

O meu percurso na LisbonPH começa como membro e depois diretor do Departamento Inovação e Científico, percurso esse que me tornou no profissional que sou atualmente e que me deu muito mais do que eu estava à espera. Fazer parte da LisbonPH é fazer parte de um grupo de pessoas destemidas e cujo único limite é a nossa própria ambição que temos em desenvolver projetos de valor acrescentado não só para a Júnior Empresa, mas também para a população e para os Profissionais de Saúde. Durante os 2 anos que estive na LisbonPH fui responsável pela criação da plataforma e de cursos e-Learning da Júnior Empresa bem como pela implementação de uma cultura de inovação que visa potenciar e maximizar a angariação de clientes e projetos. Estive também envolvido em projetos desafiantes de autoria da LisbonPH como é o caso do PitchPH em que damos aos alunos do 5.º ano a oportunidade de fazerem um pitch a empresas da Indústria Farmacêutica e também no projeto IDAI, que permite que os estudantes possam apresentar um projeto inovador em que a LisbonPH depois apoia o desenvolvimento do mesmo. Numa ótica mais de educação na saúde, também estive envolvido na criação e desenvolvimento dos 3 webinars relacionados com a COVID-19 que contou com key players da área e cujo principal objetivo foi desmistificar muitos mitos que existiam.

Atualmente sou Associate Product Manager Neurology na BIAL e posso dizer seguramente que a LisbonPH é a melhor rampa de lançamento que podemos ter antes de entrarmos no mercado de trabalho pois para além de estarmos envolvidos em projetos diferenciadores, ensina-nos hard e soft skills imprescindíveis. Aprendemos a errar e a aprender com os erros, ensina-nos a lidar e ultrapassar desafios e, mais importante, deixa-nos sonhar e dá-nos todas as ferramentas necessárias para que possamos lutar pelos nossos sonhos. É um local onde todos rumamos no mesmo sentido, com um espírito de equipa tremendo e onde cada um de nós vai até onde quer.

 

EN

LisbonPH stands out as the best complementary launch pad for students on the Integrated Master’s Degree in Pharmaceutical Sciences at the University of Lisbon, so that they can get in touch with the job market and really innovative projects from an early stage.” This is a phrase often said by everyone who passes through it, and today, I can confidently say that it is truly accurate.

My journey at LisbonPH began as a member and later as the director of the Innovation and Scientific Department, a journey that has made me the professional I am today and has given me much more than I expected. Being part of LisbonPH means being part of a group of fearless individuals whose only limit is the ambition to develop value-added projects, not only for the Junior Enterprise but also for the community and Healthcare Professionals. During my two years at LisbonPH, I was responsible for creating the platform and e-learning courses for the Junior Enterprise, as well as implementing a culture of innovation aimed at boosting and maximizing client and project acquisition. I’ve also been involved in challenging projects authored by LisbonPH, such as PitchPH, in which we give 5th-year students the opportunity to present a pitch to companies in the pharmaceutical industry, and the IDAI project, which allows students to present an innovative project in which LisbonPH then supports its development. From a more health education perspective, I was also involved in the creation and development of the 3 webinars related to COVID-19 that featured key players in the field and whose main objective was to demystify many myths that existed.

Currently, I am an Associate Product Manager Neurology at BIAL, and I can safely say that LisbonPH is the best launch pad we can have before entering the job market because, as well as being involved in differentiating projects, it teaches us essential hard and soft skills. We learn to make mistakes and learn from mistakes, it teaches us how to deal with and overcome challenges and, most importantly, it lets us dream and gives us all the tools we need to fight for our dreams. It’s a place where we’re all heading in the same direction, with a tremendous team spirit, and where each of us goes as far as we want.