A importância do treino cognitivo nas pessoas com demência

Um processo demencial acarreta perdas fundamentais para a pessoa em vários domínios: psicológico, cognitivo, funcional, familiar, social e económico. Neste sentido, é muito importante que a pessoa com demência beneficie de um acompanhamento holístico, personalizado e especializado, onde todas as suas perdas e potencialidades são consideradas, mas também onde é dado sentido ao sofrimento que experiencia diariamente e que, muitas vezes, expressa de diferentes formas (medo, tristeza, confusão mental, desorganização, desespero, frustração, falta de confiança em si e nos outros, apatia, isolamento social). 

É assim percetível que um acompanhamento estruturado e especializado poderá, em  muitos casos, ter um benefício inestimável para estas pessoas, assim como para os seus familiares e/ou na reorganização do sistema familiar. 

O treino cognitivo (TC) apresenta-se como uma ferramenta poderosa na ajuda às  pessoas com demência, no sentido de as ajudar a perceberem-se de uma forma mais  ajustada. Não tem apenas o objetivo de estimular as funções cognitivas, mas também de ser uma arma contra os sentimentos depressivos ou de boicote para com o próprio, sendo, por isso, realizado por Psicólogos Clínicos com formação avançada em Neuropsicologia ou Neurociências. 

Nas sessões de TC, é tão importante a estimulação das funções cognitivas, como todo o acompanhamento emocional necessário para a organização dos lutos que vão surgindo, estimulação da autoestima, estruturação do autoconceito, motivação e capacitação da pessoa com demência. No que respeita às funções cognitivas (capacidade de orientação, atenção, memória, linguagem, cálculo, planeamento, flexibilidade mental, gnosias, capacidade visuo-perceptiva, visuo-espacial e visuo-construtiva), estas são ferramentas fundamentais na forma como a pessoa apreende e se move na sua realidade e no seu dia a dia, como desempenha as suas tarefas de vida diária e como se relaciona consigo e com os outros. Assim, o TC tem como objetivo a ativação das capacidades cognitivas da pessoa com demência, tentando a sua manutenção durante o máximo tempo possível e, assim, potenciar a diminuição dos défices cognitivos e/ou o adiamento da sua progressão, permitindo a sua autonomia e a manutenção de tarefas ou atividades que lhe sejam prazerosas ou o ingresso em novas atividades.

Importa ainda distinguir o conceito de treino cognitivo do conceito de estimulação  cognitiva: 

• O treino cognitivo refere-se ao uso de tarefas estandardizadas para aumentar ou manter determinadas funções cognitivas (Buschert et al., 2010; Clare & Woods, 2004);

• A estimulação cognitiva promove o envolvimento em atividades cujo objetivo é melhorar o bem-estar geral da pessoa, sem objetivos específicos (Clare, Woods, Cook, Orrell & Spector, 2003; Clare & Woods, 2004), podendo ser realizada por qualquer pessoa sem formação na área da Neuropsicologia.

Ter em conta que: 

• O excesso de estimulação pode ser prejudicial; 

• Frustrar a pessoa em determinadas tarefas usadas no TC e não saber lidar com esta frustração pode levar a recusas da pessoa na adesão ao TC, inviabilizando uma resposta clínica de elevada importância para a pessoa; 

• O TC nunca é definido de forma arbitrária, tem sempre em conta o diagnóstico  clínico, o tipo de alterações cognitivas e emocionais e a subjetividade do doente  enquanto pessoa. 

Dra. Erica Marcelino 

Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde

Especialidades Avançadas em Neuropsicologia e Psicogerontologia

Mestre em Neurociências

Referências Bibliográficas 

Buschert, V., Bokde, A. L. & Hampel, H. (2010). Cognitive intervention in Alzheimer disease. Nature Reviews Neurology, 6(9), 508-517. Clare, L. & Woods, R.T. (2004). Cognitive training and cognitive rehabilitation for people with  early-stage Alzheimer’s disease: a review. Neuropsychological Rehabilitation, 14 (4), 385-401.  Clare, L., Woods, R.T., Cook, E.D., Orrell, M. & Spector, A. (2003). Cognitive rehabilitation and  cognitive training for early-stage Alzheimer’s disease and vascular dementia. Chrocane Database Systematic Review, 4. Martin, M., Clare, L., Altgassen.

Get to Know the Alumni – João Ribeiro

Sobre o João Ribeiro

O meu percurso é um bocado atípico para um farmacêutico. Sou uma pessoa irrequieta na vida. Adoro desafios e novos começos, e tive a felicidade de me cruzar com o de Marketing e Empreendedorismo (dentro e fora da LisbonPH) desde muito cedo na Universidade, acabando por basear a minha carreira à volta disto. Primeiro, em startups, como a Uniplaces, Forall Phones, Kitch, a multinacional SONAE e agora na Google em Dublin. Na Google, em Dublin, trabalho com as maiores startups e Retalhistas Portugueses na definição da estratégia digital e maximização de oportunidades com produtos Google como Google Search e Youtube. Aquilo que me move no que faço é o desafio constante e aquela sensação de que a cada coisa nova que lanças estás a impactar milhares de outras vidas. Fora do trabalho, dedico grande parte do meu tempo à leitura, desporto, música e pessoas. Ah, e sou meio obcecado por bulldogs ingleses. Isto é, invisto uma quantidade considerável de tempo a consumir conteúdos de bulldogs por essa internet fora.

Percurso na LisbonPH

Iniciei as minhas funções na LisbonPH no departamento de Marketing. Na altura geria as redes sociais e fazia uns planos de comunicação. Orgulho-me de ter desenhado o primeiro roll up da Lisbon PH. Depois disso tive a oportunidade de me juntar ao Conselho de Administração como diretor de Inovação. Destaco 3 grandes projetos: integração da LisbonPH na JADE com o Bernardo Rodrigues, lançamento do Conselho de Inovação e novas linhas de negócio, como e-Learning, em conjunto com o Márcio Santos. Sem querer ser presunçoso, a LisbonPH ajudou a fazer de mim um verdadeiro profissional multidisciplinar, criativo e empreendedor.

Um abraço,

João Ribeiro

Ecofarmacologia: Impacto dos resíduos no ambiente

O aumento do consumo de produtos farmacêuticos e, em particular, de medicamentos, é uma realidade nas sociedades mundiais.

Temos de admitir, contudo, que não têm apenas impacto na nossa saúde, pois, após ingestão ou aplicação, há uma parte que é descarregada no ambiente através do sistema de águas residuais. A presença dos seus componentes nos diferentes ecossistemas representa, por isso, uma grande preocupação ambiental devido à sua mais que provável interferência nos diversos sistemas ecológicos. É, portanto, muito importante avaliar e investigar o efeito dos medicamentos na sustentabilidade dos ecossistemas.

Investigações e estudos realizados por diversas instituições académicas ou de outra índole têm sido desenvolvidos para avaliar o impacto ambiental dos medicamentos, depois de antibióticos e hormonas de pílulas contracetivas terem sido encontrados em rios, lagos e até na água da torneira.Apesar de, até à data, terem demonstrado um risco reduzido para a saúde da população, os impactos ambientais dos medicamentos nos ecossistemas de rios e lagos são reais. É assimquehormonas femininas presentes na pílula contracetiva contribuem para a feminização de peixes selvagens masculinos ou baixas concentrações de ansiolíticos afetam o comportamento de carpas, que se tornaram menos sociáveis e começaram a comer mais rápido, tornando-as mais vulneráveis aos predadores.

Por outro lado, quando é aplicada medicação na pele, uma parte será sempre desperdiçada quando se toma banho ou lava as mãos. Quando ingerida, uma parte é absorvida, outra é transformada pelo corpo e outra é excretada sem alterações pelo nosso organismo. Todas estas substâncias vão parar ao sistema de tratamento de águas residuais (ETAR) e, aqui, algumas podem ser tratadas, mas muitas outras não, levando a que acabem nos rios ou nas lamas resultantes dos tratamentos, que são depois utilizadas como fertilizante em campos de cultivo.

Em Portugal é à VALORMED que está atribuída, pelas autoridades ambientais, a responsabilidade da gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso. Os resíduos de origem doméstica devem ser depositados nos contentores presentes nas farmácias e parafarmácias aderentes, que depois são entregues aos distribuidores de medicamentos que os transportam para as suas instalações. Estes contentores são depois enviados para um Centro de Triagem por um operador de gestão, onde os resíduos são separados e classificados para, finalmente, serem entregues a entidades autorizadas que vão ser responsáveis pelo seu tratamento, que passa pela reciclagem de materiais como o papel, cartão, plástico, vidro, e incineração segura com valorização energética dos restos de medicamentos.

Para diminuir o impacto dos medicamentos no ambiente, os portugueses devem:

  • Fazer uma revisão periódica à farmácia doméstica, separando os medicamentos que já não usam ou estão fora de prazo de validade;
  • Entregar os medicamentos fora de uso ou de prazo numa farmácia ou parafarmácia;
  • Nunca despejar restos de medicamentos através dos esgotos.

Dr. Luís Miguel FigueiredoDiretor Geral da VALORMED

XVI RECRUTAMENTO – Testemunhos do Movimento Júnior

JE Portugal – Junior Enterprises Portugal

Ser membro da LisbonPH é muito mais do que fazer parte de uma Júnior Empresa, é fazer parte de uma network que nos permite ir mais além através da ambição, dando-nos um conjunto de desafios que fazem a diferença no nosso desenvolvimento pessoal e profissional. Fazer parte do Movimento Júnior é fazer parte de algo que nos abre tantas portas quantas nós quisermos. E uma dessas portas é a JE Portugal, a Federação Portuguesa de Júnior Empresas, da qual tive o privilégio de fazer parte durante o mandato de 2020/2021 no cargo de Enlargement Manager.

Há experiências que acarretam memórias inesquecíveis e esta é uma delas por inúmeras razões! Não só por todas as competências que desenvolvi, desde espírito crítico, capacidade de liderança, organização e autodidatismo, como também por todas as pessoas com quem tive o prazer de contactar e estabelecer uma troca de best practices, pois além de trabalhar diariamente com a restante equipa da JE Portugal, pude contactar com muitas Júnior Iniciativas que me foram mostrando a sua evolução e crescimento através do compromisso e do trabalho em equipa. Não obstante, pertencer também a uma realidade além da minha Júnior Empresa, fez-me sentir ainda mais próxima de todo o Movimento Júnior Português e evoluir nos conhecimentos inerentes ao mesmo, sentindo uma evolução ainda mais exponencial enquanto Júnior Empresária. 

Todos os dias, os Júnior Empresários lidam com situações inesperadas que os obrigam a ser flexíveis e a desenvolver skills de líderes e o embarque nesta experiência não foi diferente!

Marta Aiveca, Diretora do Departamento de Marketing

JE Europe – Junior Enterprises Europe

Olá futuros farmacêuticos,

Prontos para começar a escrever a história das vossas carreiras assim que acabarem o curso? E se a pudessem começar a escrever já nos próximos meses?

O meu nome é Rita Antunes, sou aluna do MICF e fui membro da LisbonPH de março de 2019 a junho de 2021. A vontade de ser mais proativa durante os meus anos académicos e a curiosidade de ingressar numa Júnior Empresa levaram-me a envolver-me neste conceito, sem grande pista do que realmente iria encontrar por detrás do blazer azul.

Vou ser clara na minha tentativa de vos mostrar o que é ser Júnior Empresário e membro da LisbonPH: se procuras desenvolver novas competências transversais ao curso, desenvolver novos projetos ideados por ti, passar pela experiência de liderar uma equipa, um departamento ou uma empresa – e perceberes como esta experiência e o folgo que ganhas são competências paralelas aos cargos das empresas no mercado do trabalho – não percas a oportunidade de o fazer neste curto espaço de tempo que tens na faculdade. É importante que sejas proativo e aqui consegues começar a dar os primeiros passos dentro do mundo farmacêutico, com as empresas com quem trabalhas e os contactos que conheces.

Em dois anos, assumi dois cargos diferentes dentro da LisbonPH, liderei uma equipa enquanto membro integrante da organização de um evento mundial e trabalho atualmente em Bruxelas, onde assumo o cargo de Secretária Geral da Junior Enterprises Europe, a Confederação Europeia de Júnior Empresas, que representa os Júnior Empresários a nível Europeu e os posiciona na sociedade – onde descubro todos os dias que as competências que ganham os distanciam dos outros alunos.

Boa sorte!

Rita Antunes, Secretary General na JE Europe

JE Global – Junior Enterprises Global 

Sentir a necessidade de experimentar algo diferente do meu trabalho diário num contexto internacional foi o que mais me motivou a entrar na Junior Enterprises Global em janeiro de 2021. Foi uma surpresa quando percebi que o Movimento Júnior não se limita apenas a uma Júnior Empresa, mas que existem milhares de estudantes em todo o mundo que, como nós, se desafiam para se destacarem como futuros profissionais. 

O Movimento Júnior é mesmo isto: é a oportunidade de poder aprender a trabalhar numa área que não faz parte daquilo que é o teu dia a dia na faculdade e sentires-te cada vez mais completo como profissional.

Ser Partnerships Manager na JE Global deu-me a possibilidade de contactar com empresas da área da consultoria e permitiu-me descobrir novas áreas de interesse pessoal, como a área de Parcerias e Public Affairs, onde ainda hoje continuo a desenvolver as minhas capacidades de soft e hard skills e a criar laços com pessoas de diferentes realidades e nacionalidades.

Helena Cammarata,  Membro do Departamento de Projetos

Políticas de Saúde na Europa e no Mundo

O ponto de partida: Os países da União Europeia têm sistemas de saúde muito diferentes. 

Os modelos de sistema de saúde diferem na forma como organizam o financiamento (através de impostos no setor público, ou prémios de seguro, com maior ou menor regulação) e na forma como os cuidados de saúde são prestados (via prestadores do setor público ou prestadores privados). Diferem, também, na sua organização (sistemas regionais, integrados ou não, entre outros). Os sistemas de saúde refletem igualmente a diferente valorização dos múltiplos objetivos (por exemplo, na disponibilidade a pagar mais por acesso mais rápido à inovação, valorização da liberdade de escolha pelos doentes, entre outros.).

O caminho à nossa frente: os sistemas de saúde, apesar das suas diferenças, irão enfrentar desafios comuns. 

Existem, usando terminologia económica, externalidades e bens públicos (no sentido económico): faz sentido ter uma única Agência Europeia do Medicamento, comum a todo o espaço europeu, e apenas um European Centre for Disease Control and Prevention. Tem também justificação económica para os países da União Europeia juntarem-se para processos de aquisição conjunto de produtos e serviços. É igualmente claro que os vários sistemas de saúde da União Europeia partilham valores como a redução das desigualdades no acesso a cuidados de saúde (por exemplo, é provavelmente consensual que todos os cidadãos tenham acesso a tratamentos para cancro similares na sua eficácia e independentes do país em que a pessoa tenha nascido). É razoável pensar que existe uma convergência europeia nos objetivos globais para os sistemas de saúde, mesmo se os instrumentos para os alcançar (a forma exata como o sistema de saúde se organiza) possam diferir de país para país.

Para se avançar numa ideia de uma União Europeia da Saúde, devemos focar em três pontos essenciais: 

a) Solidariedade na proteção da saúde, mas evitar a imposição de regras comuns para concretizar essa solidariedade (que é definida a nível nacional, de acordo com as preferências de cada sociedade);

 b) Partilha de informação, conhecimento, melhores práticas e de standards técnicos (aspeto crescentemente importante num espaço digital da saúde a nível europeu, que evolui de forma acelerada);

c) Iniciativas ao nível da União Europeia em áreas onde se tenha tornado claro que a atuação a nível nacional ficou largamente aquém do desejável (um exemplo é a implementação da legislação sobre o consumo de tabaco, essencial na prevenção do cancro).

A construção de uma União Europeia da Saúde terá que ultrapassar várias barreiras: 

1) Barreiras que surgem dos políticos a nível nacional (a saúde é o cerne das discussões políticas na maioria dos países europeus; as discussões políticas internas de cada país facilmente levarão alguns partidos políticos a protestar contra decisões importantes a nível europeu neste campo); 

2) Barreiras que surgem de posições diferentes dos vários países da União Europeia (por exemplo, sobre as condições e os efeitos dos movimentos internacionais de profissionais de saúde, num contexto de mercado internacional com excesso de procura a nível global);

3) Barreiras que surgem dos pormenores e detalhes técnicos no modo como os prestadores de cuidados de saúde são pagos em cada país; 

4) Barreiras que surgem dos políticos europeus e das suas perceções e objetivos.

A principal questão não é alterar as competências da Comissão Europeia, ou de qualquer organismo a nível europeu (seja no financiamento ou na prestação de cuidados de saúde). A questão é como alargar ou criar instrumentos a nível europeu que os sistemas de saúde nacionais possam usar. 

O que é possível fazer: pensar em termos de instrumentos que possam ser usados de forma generalizada, qualquer que seja o sistema de saúde do país em causa, e de uma forma flexível (participação voluntária). 

Não é preciso ter um consenso ao nível de todos os países da União Europeia para que um país possa individualmente decidir usar, ou não, esses instrumentos. Um exemplo de instrumento que pode ser criado é a elaboração de um teste de resiliência do sistema de saúde, com uma metodologia comum que permita a cada país aprender com a aplicação desse teste (no seu sistema de saúde e com os testes feitos por outros sistemas de saúde). Um outro exemplo óbvio é o European Health Data Space, onde existem ganhos de coordenação óbvios para todos os países. Um terceiro exemplo é a iniciativa de aquisição conjunta de vacinas contra a COVID-19, que evitou que os países membros da União Europeia entrassem em concorrência uns com os outros, o que teria como resultado acrimónia e ressentimentos. 

Será que os planos da Comissão Europeia terão sucesso? Muito dependerá dos caminhos que a Comissão Europeia decidir percorrer. Tomando dois aspetos que foram anunciados em Novembro de 2020: 

a) Reforço da vigilância, com coordenação realizada a nível da União Europeia. É evidente a existência de benefícios para todos os países da vigilância de saúde realizada por cada país. Existe, por isso, um ganho em partilhar o custo de construir os instrumentos para a realizar. É um esforço que provavelmente terá sucesso, sobretudo se concentrar a atenção na criação das oportunidades de melhoria dos mecanismos de vigilância que cada país por si só não investirá voluntariamente; 

b) Melhorar a capacidade de estar preparado, isto é, desenvolver planos de preparação para cada país, que sejam auditados e objeto de teste por parte de alguma entidade europeia. É provável que estes planos venham a ter oposição a nível nacional, e haver acusações de tratar de forma igual sistemas diferentes e de serem imposições “de Bruxelas” (mesmo que os planos sejam distintos). Antecipo que este tipo de ideias, planos e auditorias definidos centralmente venham a ter resistência de dentro dos sistemas de saúde.

Haverá movimento no sentido de uma União Europeia da Saúde, mas será um caminho com algumas pedras pelo meio. É improvável que resulte num único sistema de saúde, num sistema europeu de saúde. Não me parece que seja possível construir um sistema de saúde europeu, até porque as atuais diferenças que vemos entre sistemas de saúde resultam também de legítimas diferenças de preferências entre sociedades. Mas não deixa de existir um espaço para “mais Europa” nos atuais sistemas de saúde dos países membros da União Europeia. Para que uma União Europeia da Saúde possa conviver em harmonia com a diversidade de sistemas de saúde atuais, deverá, a meu ver, focar-se em temas e aspetos que tenham uma, ou mais, das seguintes características: serem um bem público em sentido económico, como sucede com a atividade do ECDC, terem importantes externalidades positivas, como sucede com o European Digital Health Space, terem um alinhamento de interesses de vários sistemas de saúde nacionais, como sucedeu com a aquisição conjunta de vacinas contra a COVID-19 e promovam valores comuns a todos os países, como é o caso da solidariedade no financiamento e a equidade no acesso a cuidados de saúde. 

Professor Doutor Pedro Pita Barros

Get to Know the Alumni – António Cardoso

Enquanto Profissional de Saúde consigo afirmar com confiança que a LisbonPH foi o fator mais relevante na construção das minhas competências pessoais e técnicas, o que facilitou e permitiu o meu acesso ao mercado de trabalho.

No início do meu percurso académico, há cerca de seis anos atrás, pouco sabia da quantidade de oportunidades que o nosso setor tem para oferecer ou quais eram os meus objetivos pessoais e profissionais. Ao final de um ano sem muito rumo, identifiquei na LisbonPH a oportunidade ideal para alargar os meus horizontes e adquiri o objetivo de, após o término do curso, ingressar na Indústria Farmacêutica, tendo sido esta a principal motivação que carreguei ao longo do meu percurso académico.

Fiz parte da estrutura da LisbonPH durante cerca de 2 anos e meio, primeiro enquanto membro do Departamento Comercial e Vendas e, mais tarde, enquanto diretor do mesmo. Ao integrar o departamento mais responsável pelo contacto com a Indústria Farmacêutica, tive a oportunidade de pesquisar, analisar e contactar diretamente várias entidades, desde pequenas e médias empresas a Big Pharma, onde desenvolvi capacidades importantes de comunicação e de negociação de forma a angariar novos projetos. A experiência enquanto diretor permitiu-me gerir uma equipa e integrar o Conselho de Administração, desafio este que estimulou ainda mais o meu crescimento. Levo da LisbonPH muitas capacidades, mas também grandes amizades e vou sempre recordar estes tempos com um carinho especial.

Após a minha passagem pela LisbonPH tive ainda a oportunidade de realizar um estágio no INFARMED na Direção de Avaliação do Medicamento e, já no último ano de faculdade, fiz um part-time na ELS Solutions, uma empresa de consultoria na área da Saúde, como Commercial Associate.

Combinando todas as experiências que adquiri ao longo de cinco longos anos, assim que terminei o curso, com um currículo mais robusto que a norma, candidatei-me ao programa de estágios da Janssen Portugal e iniciei o meu percurso profissional enquanto Market Access Trainee, cargo este que desempenho atualmente.

Não é de todo fácil conseguir transmitir por palavras o impacto que a LisbonPH cria nas nossas vidas. O que vos consigo dizer, com toda a certeza, é que o esforço e dedicação que damos a esta causa é devolvido, por isso, caso se atrevam venham desafiar-se a ser o futuro Profissional de Saúde empreendedor, criativo e multidisciplinar. 

Obrigado pela atenção,

António Cardoso

e-Book Vegetarianismo: Desmitificar para a Saúde

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Workshop Atendimento Farmacêutico

Em cooperação com a Professora Doutora Filipa Alves da Costa, a LisbonPH tem o prazer de apresentar o Workshop “Atendimento Farmacêutico: Abordagem, Postura e Relacionamento”. O presente evento realizar-se-á em formato online e incidirá sobre 2 importantes e fraturantes temáticas: o Tabagismo e a Obesidade. O evento será composto por 3 sessões, uma de caráter geral e outras 2 sobre os temas supracitados. O nosso objetivo é contribuir para a literacia na saúde e fomentar o melhor e mais personalizado acompanhamento e aconselhamento farmacêutico em áreas de tão grande importância para o setor.

Quer marcar presença num workshop constituído por 3 sessões por apenas 27,5€? Inscreva-se já e não perca tempo, as vagas são limitadas! Saiba mais em http://bit.ly/2wY8YrM.

Inscreva-se em https://bit.ly/39iTpuA.

Get to Know the Alumni – Bruna Santos

Olá a todos!

O meu nome é Bruna Santos, tenho 24 anos e venho partilhar convosco um pouco daquele que foi o meu percurso, tanto académico como profissional. Desde cedo soube que queria ingressar num curso da área da saúde. Isso era basicamente tudo o que sabia, pois não tinha nenhuma ideia de qual seria o meu curso de eleição. De entre as 6 opções, todas diferentes, Ciências Farmacêuticas foi o feliz contemplado.

No segundo ano, senti necessidade de me envolver num projeto que me permitisse fazer algo diferente, fora do percurso normal dos anos de faculdade, e foi assim que me candidatei à LisbonPH, ao Departamento Financeiro, onde fiquei por quase 3 anos – primeiro enquanto membro e, por fim, enquanto diretora de uma pequena, mas grande equipa.

Porquê o Departamento Financeiro? Sempre senti que era uma área sobre a qual não sabia praticamente nada e vi uma grande oportunidade de aprender e desenvolver as minhas capacidades neste âmbito. Durante o meu percurso na Júnior Empresa, fui ainda Secretária da Mesa da Assembleia Geral. Para além de todas as competências na área de gestão financeira e contabilística, a LisbonPH ensinou-me a trabalhar em equipa, a desenvolver projetos, a enfrentar as demais adversidades, a procurar soluções, a sair da minha zona de conforto e a desafiar-me diariamente. Permitiu-me ainda criar laços de amizade com pessoas que talvez noutro contexto não tivesse oportunidade de conhecer e, por isso, só posso estar grata.

Assim que terminei o curso, iniciei o meu percurso profissional, dando continuidade ao meu gosto pelo associativismo, enquanto Secretária-Técnica da MiGRA Portugal, a Associação Portuguesa de Doentes com Enxaqueca e Cefaleias, onde me encontro até ao momento. O meu trabalho consiste em ajudar, prestar esclarecimentos e encaminhar os doentes em questões que sejam relacionadas com a sua saúde e com a terapêutica, criar conteúdos científicos e informativos na área da enxaqueca e cefaleias, colaborar em projetos de investigação e desenvolver e efetuar a gestão de projetos de apoio ao doente. Comunico também com sociedades médicas, ordens profissionais, com a indústria farmacêutica e com outras associações de doentes. Tem sido uma experiência incrível!

Por fim, posso apenas aconselhar a que se envolvam em algo mais do que o curso em si proporciona. Conhecer outras realidades e trabalhar em conjunto com diferentes pessoas permite que se desenvolvam enquanto pessoas e enquanto profissionais. Não deixem passar essa oportunidade!

Um beijinho,

Bruna Santos

A importância do Farmacêutico no acompanhamento da pessoa com doença

Em Portugal, a esperança média de vida aos 65 anos é de mais 19,7 anos. Inevitavelmente, esta longevidade leva a um aumento da prevalência de doenças crónicas, nomeadamente, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e diabetes. Em 2018, segundo a OMS, as doenças crónicas foram responsáveis por 86% de todas as mortes, tornando o peso destas doenças inquestionável.

Paralelamente e, como consequência do aumento das doenças crónicas, surge a problemática da polimedicação e as consequentes falhas da farmacoterapia, que comprometem a sua efetividade e segurança. A fraca adesão à terapêutica, os erros de administração e as interações medicamentosas encontram-se entre as principais causas destas falhas. Sabe-se que 70% a 80% da morbimortalidade relacionada com a medicação seria evitável e que, dos episódios de urgência provocados por falhas da farmacoterapia, também 70% a 80% deles poderiam ser evitados se fosse feito o adequado acompanhamento das pessoas com doença. 

Neste contexto, é evidente a necessidade de acompanhar melhor, e de mais perto, a pessoa com doença crónica, no sentido de otimizar o controlo da patologia e minimizar as complicações associadas. É preciso tirar partido da multidisciplinaridade e trabalhar em equipa, entre os vários Profissionais de Saúde.

O farmacêutico, nomeadamente o comunitário, é o profissional de saúde que se encontra melhor posicionado para acompanhar a pessoa com doença crónica. A sua sólida formação técnico-científica na área do medicamento e da patologia, a sua proximidade e acessibilidade à população e, ainda, o facto de muitas vezes, ser o único Profissional de Saúde que conhece todas as prescrições do doente (de entre os vários prescritores), assim o determina.

É importante também sublinhar que o Ato Farmacêutico integra, entre outros, a atividade de “Acompanhamento, vigilância e controlo da distribuição, dispensa e utilização de medicamentos de uso humano (…)”. Assim, para que o farmacêutico possa exercer a sua atividade de acompanhamento da doença crónica, é fundamental que este foque toda a sua intervenção na pessoa com doença, desenvolvendo serviços clínicos que permitam responder às necessidades de acompanhamento identificadas. 

O Acompanhamento Farmacoterapêutico (AF) é o serviço que, por excelência, permite acompanhar a pessoa com doença crónica e ao qual estão associados os melhores resultados em saúde. Tal justificar-se-á pela monitorização da efetividade e segurança da terapêutica, integrada numa abordagem holística da pessoa com doença. Definido como a “prática profissional farmacêutica centrada na pessoa do doente, desenvolvida com o objetivo de contribuir para a melhoria do seu estado de saúde e qualidade de vida”, este serviço permite uma abordagem global das necessidades de saúde do doente. 

Este serviço estrutura-se sob a forma de consultas, nas quais o farmacêutico recolhe e avalia de forma pormenorizada a história clínica da pessoa, os seus antecedentes de doença, a história farmacoterapêutica e os estilos de vida, bem como os meios complementares de diagnóstico e terapêuticas disponíveis. Toda a informação recolhida é estudada, integrada e interpretada no contexto clínico para que seja delineado o plano terapêutico específico conducente ao alcance dos objetivos terapêuticos definidos. Este plano terapêutico engloba intervenções farmacológicas e não farmacológicas, podendo requerer a referenciação do médico nas situações em que se justifique.

Assim, na minha opinião, em especial no contexto social e profissional em que vivemos, o farmacêutico deve colocar, definitivamente, o seu saber ao serviço da melhoria do estado de saúde da população. É urgente fazê-lo, pois se assim não for, outros o farão.

Doutora Mónica Condinho, Farmacêutica Comunitária na AcF